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Reserva de emergência


postado em 09/05/2020 04:00 / atualizado em 08/05/2020 21:46


Rodrigo Alcântara
Economista e assessor de investimentos na Atrio Investimentos

A quarentena impulsionada pela epidemia do novo coronavírus e a iminente recessão econômica que está por vir trouxeram aos investidores um ponto de atenção sobre o seu portfólio de investimentos. Discutido desde sempre nas finanças pessoais, esse ponto se traduz nas seguintes perguntas: como está minha reserva de emergência? Qual seria o meu comportamento se eu tivesse uma boa reserva hoje?.

Em 2019, a bolsa de valores acumulou alta de 32%, graças à entrada de novos investidores, principalmente os do tipo pessoa física, no mercado de renda variável. O grande fluxo de compradores de ações fez com que a valorização se tornasse expressiva, especialmente no último mês do ano. A taxa de juros Selic e a inflação em patamares historicamente baixos – as menores já vistas desde o Plano Real – justificaram o comportamento de fuga dos ativos seguros e a procura por produtos financeiros que pudessem render mais, mesmo se apresentassem riscos e volatilidade mais elevada.

A taxa de juros e a inflação não são os únicos indicadores que fazem os investidores mudarem os hábitos de investimentos, principalmente os da modalidade pessoa física, que sofrem mais com a assimetria de informações no mercado financeiro.  As pessoas também precisam ter a sensação de confiança no cenário econômico para mudar o comportamento com os investimentos, e foi isso que ocorreu em 2019.

O Credit Default Swap (CDS), derivativo que protege contra possíveis calotes de dívida e que funciona como termômetro para o risco-país, fechou 2019 em 99 pontos no Brasil, 52% de queda em relação a 2018, e foi o patamar mais baixo desde 2010. Outro indicador que quantifica a confiança do consumidor brasileiro e é fruto de pesquisas realizadas pela Confederação Nacional de Dirigentes e Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), apontou melhora na percepção dos consumidores brasileiros frente à economia e ao futuro de suas finanças pessoais. O indicador varia de 0 a 100 e o número foi de 47 pontos em 2019, contra 45,8 pontos em 2018. Um indicador ainda negativo, mas em patamar mais otimista.

Apesar de 2020 ter começado conturbado no mercado internacional, com o ataque norte-americano via drone de precisão, a um influente general iraniano, e as especulações sobre um possível entrave em relação à comercialização do petróleo no mercado mundial, o cenário trouxe, também, a atenção dos investidores brasileiros aos ativos de renda variável na bolsa de valores. Esse momento ainda foi marcado por mais um corte na taxa de juros Selic pelo Banco Central, fazendo com que fevereiro fechasse em 4,25%, o que, por sua vez, reduziu ainda mais a rentabilidade de ativos mais seguros e que não apresentam volatilidade, como a renda fixa e a poupança.

O que não era quantificado pela maioria dos investidores na bolsa de valores no começo do ano, principalmente pelos iniciantes, era a possiblidade de uma pandemia que pudesse afetar economicamente todo o mundo. A atual crise enfatizou o temor do mercado financeiro em relação à recessão global, que já era questionada por especialistas em investimentos e economistas frente a algumas projeções que alertavam contrações nas atividades econômicas mundiais.
A China já vivia um momento bem delicado devido à quarentena causada pela até então epidemia da COVID-19, quando os investidores estavam se posicionando em renda variável na tentativa de remunerar melhor o portfólio de investimentos. Atividades econômicas totalmente estagnadas na China e que refletiam nos indicadores globais – justamente pelo país possuir grande relevância na economia mundial e hoje ser considerada a segunda maior potência financeira do planeta – eram um ponto de atenção, mas não tão importantes até aparecerem os primeiros casos de COVID-19 fora da China e o alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a pandemia.

Naquele momento, muitos investidores já tinham ignorado a reserva de emergência, que é aquela parcela do capital de segurança que deve ser reservada para momentos de crises ou doenças. Esse valor também precisa ser alocado com liquidez e sem risco, ou seja, investido em ativos que não apresentem volatilidade e tenham um mínimo de garantia de crédito ou pagamento e resgate imediato – ou poucos dias úteis depois de sua solicitação.

A visão de muitos investidores do tipo pessoa física sobre a bolsa de valores acabou sendo equivocada. Na tentativa de acelerar a rentabilidade do capital, ao invés de ter uma visão de longo prazo, muitos investidores, equivocadamente, não estabeleceram uma reserva de emergência, ou até mesmo, alocaram a reserva em ativos de alta volatilidade. Isso comprometeu o recurso e acabou apresentando desvalorizações altíssimas em março deste ano, devido a toda a incerteza econômica causada pela pandemia.

Ter uma reserva de emergência é ter comprometimento com a família, com os negócios e consigo mesmo. É em uma realidade como esta que estamos vivendo que a reserva de emergência é necessária. É nesse momento que ela deve ser utilizada com sabedoria e consciência.

É em momentos de incertezas como este que as pessoas precisam utilizar o recurso da reserva de emergência para o consumo essencial ou salvar a solvência/saúde de uma empresa ou família. Comprometer essa reserva para investimentos que não são possíveis de se ter o resgate imediato, ou que apresentam riscos de perda no resgate, não é inteligente.

A reserva financeira, mais uma vez, se provou necessária, mesmo em momentos de taxa de juros baixa, inflação controlada e visão mais otimista de um futuro melhor – como tínhamos no fim do ano passado e começo deste ano. Ela deve ser pensada e alocada eficientemente pelo investidor em um portfólio de investimentos inteligente e saudável com diversificação e liquidez.


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