Jornal Estado de Minas

Os lixões e os aterros sanitários

Fred Couto
CEO da Direção Máquinas e Equipamentos

A falta de destinação adequada do lixo é um problema comum em grande parte das cidades brasileiras. Minas Gerais é o terceiro estado do país em número de lixões: são 246, ficando atrás de Bahia e Maranhão. Por ano, no Brasil, são gerados, aproximadamente, 80 milhões de toneladas de resíduos. Desse total, 40% são encaminhados para lixões que contaminam a água e o solo.

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É urgente e necessário que o poder público invista em medidas que erradiquem os famosos lixões. Com esse objetivo, o governo federal instituiu, em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Nos lixões, os resíduos são depositados em aterros a céu aberto sem nenhum controle ambiental ou tratamento. Além de produzir o gás natural metano, um dos agravadores do efeito estufa, a decomposição da matéria orgânica gera o caldo chorume, altamente poluente.

O problema também ganha contornos econômicos e sociais, pois muitas pessoas tiram seu sustento desses locais insalubres, recolhendo o lixo para reaproveitar os materiais, sujeitando-se a contaminação e doenças. Já nos aterros, os resíduos são compactados e cobertos por terra. Terrenos assim têm sistemas de drenagem que captam líquidos e gases resultantes da decomposição dos resíduos orgânicos. Dessa forma, o solo e o lençol freático ficam protegidos da contaminação pelo chorume e o metano é coletado para armazenagem e queima.

Pesquisa recente do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb) identificou que o surgimento de lixões é ligado aos municípios com baixos níveis educacionais, com densidade populacional reduzida e menor valor per capita de investimento em limpeza urbana. A questão econômica é a que gera mais impacto, já que cidades com lixões apresentam, em média, 90% de dependência financeira de repasses dos governos estaduais e federal. Já os municípios que descartam os resíduos em aterros sanitários mostram dependência menor que 79%. O levantamento mostra, ainda, que cidades com maiores recursos do orçamento municipal para a limpeza criam menos depósitos irregulares.

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Levando em consideração a questão econômica, o Japão está à frente de vários países em se tratando de resíduos sólidos urbanos. O país é 22,5 vezes menor que o Brasil e desenvolveu tecnologias avançadas de reciclagem e tratamento de resíduos. Junto com o crescimento econômico, o Japão se viu diante do desafio de encontrar um destino adequado para o lixo. Por meio da implantação de uma série de iniciativas, o país é um dos mais avançados nesse campo e aposta na conscientização da população para diminuir a produção de lixo.

O Japão utiliza tecnologia que reduz em até 95% o volume dos resíduos por meio da decomposição térmica e está totalmente dentro das normas ambientais. O equipamento tem seis toneladas, com capacidade para tratar 210kg de lixo por hora. A tecnologia já foi importada para o Brasil.

As autoridades precisam ficar atentas às novidades tecnológicas que já estão disponíveis no mercado. Educação para o consumo consciente é fundamental para que haja menos produção de resíduos sólidos. Porém, o avanço está nos países que conseguirem tratar o lixo de maneira inteligente, respeitando o meio ambiente e a população.