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Pedido de socorro que vem dos mares


postado em 02/11/2019 04:00

Janaína Bumbeer
Bióloga, doutora em ecologia e conservação, com foco em ambientes marinhos, e analista de ciência e conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza

Novo desastre ambiental coloca o Brasil mais uma vez em sinal de alerta. As manchas de óleo que chegam às praias nordestinas mostram que a vítima da vez é uma das principais fontes de renda e de alimento dos brasileiros: o oceano. São inegáveis os prejuízos ambientais, sociais e econômicos inestimáveis para toda a população. Diante do problema sem precedentes, sem hesitar, brasileiros deixaram suas atividades cotidianas para depois. Salvar o mar tornou-se a ação prioritária do dia. Essa é a realidade das últimas semanas.
 
Pescadores madrugam para soar o sinal de alerta de que o óleo se aproxima. Marisqueiros resgatam animais. Surfistas aposentaram, temporariamente, as pranchas para procurar ondas com manchas pretas. Professores e estudantes trouxeram a sala de aula para a areia e passaram a aprender na prática a importância dos recursos naturais e o protagonismo do ser humano na preservação ou destruição do meio ambiente. Turismólogos deixaram de apenas apresentar belas paisagens e também arregaçaram as mangas para salvá-las.
 
O trabalho de cada voluntário e cada profissional deve ser reconhecido e valorizado. São pessoas que estão fazendo a diferença para a minha vida e para a sua. Estão socorrendo o hábitat das algas marinhas, responsáveis pela produção de 54% do oxigênio do mundo. O oceano é o principal regulador do clima, viabilizando a vida no planeta. Além disso, é do oceano que vêm, aproximadamente, 19% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, a partir de atividades como pesca, lazer, turismo e transporte.
 
O cenário atual soma milhares de toneladas de óleo já recolhidas, representando parcela pequena da quantidade de manchas ainda presentes em centenas de praias no Nordeste brasileiro – tanto na água, quanto na areia. O número de animais afetados e mortos aumenta e o total vai deixar de contabilizar todos aqueles que não foram trazidos pelo mar até a costa. Além disso, o rastro que manchou o litoral nordestino também atingiu mangues e corais, demandando um processo de limpeza mais complexo e pouco acessível. Pesquisadores estimam que, apesar de visualmente "limpo", o ambiente marinho carregará substâncias químicas por décadas, com prejuízos para os ecossistemas e para a cadeia alimentar, afetando, inclusive, peixes e frutos do mar que servimos à mesa.
 
Ou seja, somos todos impactados! Mesmo vivendo a quilômetros das praias do Nordeste, dependemos do mesmo oceano e compartilhamos a mesma nação. Portanto, também devemos agir e cuidar dos nossos recursos. Precisamos nos informar a partir de fontes confiáveis, apoiar as ações dos profissionais e voluntários e exercer o papel de cidadãos, cobrando ações rápidas e efetivas.
 
Há dois meses, o evento Conexão Oceano, realizado no Rio de Janeiro, trouxe à tona o debate sobre o passado, o presente e o futuro da biodiversidade marinha, dos serviços ecossistêmicos e dos mares. O oceano conecta continentes e está presente – direta e indiretamente – na vida de toda a população global. O tema é tão relevante que levou a Organização das Nações Unidas (ONU) a declarar o período de 2021 a 2030 como a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável.
 
Reverter o quadro que, lamentavelmente, vemos hoje no Brasil e considerar os impactos desse cenário são pautas urgentes. É hora de deixar as atividades rotineiras de lado, ouvir o pedido de socorro e fazer a nossa parte para salvar recursos tão preciosos que não conseguimos viver sem.


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