A Argentina vai hoje às urnas para decidir quem governará o país nos próximos anos. De um lado, o liberal Mauricio Macri disputa a reeleição. De outro, o peronista Alberto Fernández, do grupo de Cristina Kirchner, que antecedeu Macri na Casa Rosada. Analistas e pesquisas apontam para a vitória oposicionista. Não se trata de aposta vazia ou baseada em sensações. Em agosto, nas Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (Paso), consulta popular da qual participam todos os eleitores, Fernández obteve vitória esmagadora %u2013 vantagem de 17 pontos percentuais. O desempenho, se repetido, lhe assegurará a eleição no primeiro turno. Explica-se o êxito: o país vizinho se debate em crise econômica que afugenta inversões e empobrece a população. O Produto Interno Bruto (PIB) teve queda de 2,5%, o desemprego se aproxima de 11%, a subocupação ultrapassa 13%, a inflação atingiu 43,7% e deve fechar o ano em 48,3%, os investimentos despencaram 18%, o consumo privado se reduziu 7,7% e os gastos do governo caíram 7,7%. Com índices dramáticos e sem perspectiva de reversão a curto prazo, registrou-se perda gradual da confiança dos mercados e a contínua desvalorização do peso e do Merval, principal índice da bolsa argentina. Na tentativa de atrair recursos, o Banco Central eleva a taxa básica de juros, que está em 83,21%. %u201CÉ a economia, estúpido!%u201D Com essa frase, o publicitário americano James Carville justificou, em 1992, a vitória de Bill Clinton sobre George Bush.