Jornal Estado de Minas

Os mineiros e a China


Ian Lin 
CEO da Serpa China
 
 
Uma relação bem consolidada. Em poucas palavras, esse bem que poderia ser o resumo dos negócios entre Brasil e China no que tange ao comércio exterior. Mas a verdade é que, apesar de os chineses serem há 10 anos os maiores parceiros de negócios das companhias brasileiras, não há dúvida de que essa parceria poderia oferecer muito mais aos dois lados. Estamos crescendo e evoluindo muito nas últimas décadas, e isso nos mostra que podemos ir bem mais além, aprendendo com as experiências e as iniciativas locais.

Considerada pelo FMI como uma das maiores potências econômicas do mundo, a China é muito mais do que a nação das invenções. O país tornou-se o maior produtor mundial de alimentos e, hoje, domina o comércio on-line global. Como parte disso, a indústria chinesa segue uma linha de tributação cada vez mais parecida com a americana, reduzindo os impostos cobrados sobre as empresas.

Nesse cenário, vale destacar que só no primeiro semestre de 2019, por exemplo, foram US$ 20,7 bilhões em importações, conforme dados do Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Isso reforça que o país asiático continua sendo o principal parceiro comercial do Brasil, à frente, até mesmo, dos Estados Unidos – que fechou o semestre de importações em US$ 16,9 bilhões.

Um dos estados brasileiros com destaque nesta conta é Minas Gerais. O estado é o segundo maior exportador entre os estados brasileiros e o sétimo maior importador.
Em sua maioria, são importados da China produtos manufaturados, como máquinas e equipamentos industriais, e produtos químicos. No sentido inverso, os mineiros exportam principalmente commodities – com os minérios seguidos por grãos.

As mudanças no mercado chinês têm sido fundamentais para que os empresários mineiros fizessem mais negócios com o maior país da Ásia Oriental. O assunto, inclusive, será discutido em Confins, durante o Internacionaliza Vetor Norte, um dos principais encontros de empresários de Minas Gerais. Em pauta, destaque para as discussões sobre como diversificar a linha exportadora mineira e os desafios para equilibrar a relação comercial entre os dois países.

A percepção que temos, hoje, é de que Minas Gerais e os empresários mineiros têm tido, cada vez mais, uma atenção especial para com as relações com a China. E isso acontece, também, com os empresários chineses, que estão de olho no que o Brasil tem a oferecer. As empresas mineiras têm muito a lucrar com iniciativas que interessam à China – estamos no caminho para uma cooperação mútua. Essa relação, acredito, deverá ser aprofundada nos próximos anos.

Vale dizer, aqui, que a China oferece ótimas condições para quem deseja exportar seus produtos e comercializá-los no mercado oriental.
Contudo, para ser bem-sucedido nas exportações para a China, é necessário ter uma estratégia eficaz e assertiva. Mesmo com uma marca bastante consolidada em Minas ou em todo o Brasil, é importante entender que ingressar no mercado oriental requer esforços redobrados. Afinal, estamos falando de um público consumidor com interesses e preferências completamente diferentes do público brasileiro.

A reflexão que fica ao empreendedor mineiro é sobreviver e sentir a experiência. Se pensarmos nas inúmeras possibilidades de parcerias estratégicas entre os países, encontraremos muitas oportunidades. Apesar dos números representativos, ainda há muitas empresas mineiras que encontram desafios para entrar no mercado chinês, tanto para aqueles que buscam importar quanto para as companhias que são especialistas em um segmento e desejam ser referência na China. 
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