Adauto Versiani
Presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Minas Gerais (SBEM-MG)
Muitos ainda desconhecem, mas a tireoide é uma importante glândula para o organismo e os problemas decorrentes de um mau funcionamento geram muitas dúvidas sobre o que é preciso fazer e o que pode acontecer. A glândula tem a forma parecida com uma borboleta e está localizada na parte anterior do pescoço, regulando a função de importantes órgãos, como o coração, o cérebro, o fígado e os rins e produzindo os hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina). A retirada pressupõe reposições hormonais para a vida inteira, sendo fundamental conhecer o essencial para manter a boa saúde.
Geralmente, os problemas da tireoide ocorrem quando a glândula não funciona de maneira adequada ao liberar hormônios em quantidade insuficiente, causando o hipotireoidismo, ou em excesso, ocasionando o hipertireoidismo. As duas situações podem provocar o aumento no volume da glândula, conhecido como bócio. O consumo de iodo também altera o funcionamento, quando em falta ou em excesso pode prejudicar o funcionamento ideal da glândula.
A glândula é importante para adultos e também no crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes, altera o peso, a memória e a regulação dos ciclos menstruais, na fertilidade, na concentração, no humor e no controle emocional. Por desconhecer a seriedade dos cuidados ideais, muitas pessoas têm alguma doença da tireoide e nem sabem. Só nos últimos 19 anos, o câncer da tireoide apresentou um aumento de 8,8%, conforme estudo do Observatório de Oncologia.
Além do hipotireoidismo e hipertireoidismo, as doenças mais comuns são: doença de Graves, tireoidite, e nódulos e requerem análise e acompanhamento médico. As disfunções podem acontecer em qualquer etapa da vida e têm diagnóstico simples.
Entre as crianças, é comum algumas já nascerem com hipotireoidismo e, nesses casos, o teste de pezinho é fundamental para detectar a anomalia. Os tratamentos dependem de cada problema e, em geral, os medicamentos para reposição hormonal já ajudam, sendo que, somente em casos mais extremos, será necessária a cirurgia.
A gravidez é outro tópico que requer atenção, pois as disfunções da tireoide durante essa fase podem acarretar problemas graves para mãe e bebê. No começo da gestação, o feto não produz os hormônios da tireoide e, por isso, precisa usar os da mãe e, mesmo quando começa a produzir, é em quantidade insuficiente, continuando dependente. As mulheres que já sofrem com alguma doença devem avisar ao médico sobre a intenção de engravidar.
O reconhecimento de um nódulo na tireoide salva vidas. A apalpação da glândula é de fundamental importância. A atenção deve ser redobrada se a família já tiver casos de qualquer uma dessas doenças. Quando identificado o nódulo, o endocrinologista deve solicitar uma série de exames complementares para confirmar ou descartar a presença de câncer.