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Estado de Minas

Infraestrutura, a deficiência que grita


postado em 04/09/2019 04:00


 

Patrícia Herrera
Engenheira mecânica e mecatrônica, executiva da subsidiária da Moba no Brasil

A indignação do brasileiro com as condições gerais de infraestrutura do país é legítima. Afinal, ninguém paga impostos - e quantos! - para viver e transitar por vias e rodovias em condições precárias. O custo operacional dos veículos é impactado pelas condições do pavimento. O acréscimo médio estimado do custo operacional devido às condições das rodovias brasileiras é de 26,7%. Rodovias deficientes reduzem a segurança viária, aumentam o custo de manutenção dos veículos, além do consumo de combustível, lubrificantes, pneus e freios.

As razões para o cenário são inúmeras e já pautaram reflexões de especialistas dos mais variados segmentos. As mais recorrentes linhas argumentativas têm como fio condutor o fato de que o modal rodoviário - ou seja, o uso do transporte terrestre - é o mais utilizado no Brasil. E, claro, se não investimos no transporte ferroviário - como ocorre na Europa - e se o transporte aéreo ainda está fora da realidade da população em geral, há que se pensar em alternativas para melhorar custos e condições do que já desenvolvemos.

A 22ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias, que avaliou mais de 107 mil quilômetros em todo o país, aponta que mais de 60% do transporte de cargas e mais de 90% dos deslocamentos de passageiros do Brasil são feitos por rodovias. O próprio órgão enfatiza que realizar fortes investimentos em infraestrutura de transporte é fundamental para oferecer segurança a motoristas, passageiros e pedestres e, também, para favorecer o desenvolvimento do setor e o crescimento econômico. 

Segundo a Confederação Nacional dos Transportes, as condições gerais das rodovias brasileiras registraram uma significativa melhora na sinalização das vias, mas a situação do pavimento continua apresentando índices de deficiência na casa dos 50%. Essa deficiência, aliada a outros fatores, resultou em aumento médio do custo operacional do transporte de cargas no Brasil de 26,7% em 2018.

Novamente, o problema deixa de ser o cenário de gestão e retoma a condição de custo para o cidadão. Afinal, se os custos relacionados à logística são majorados, o consumidor paga a fatura no sacolão, no supermercado e onde mais precise adquirir seus produtos. Sofrem, também, os empreendedores, que trabalham com preços menos competitivos em um cenário de baixo potencial de consumo gerado por desemprego e crescimento do trabalho informal.

Minha avaliação sobre esta questão é a mesma defendida pelo engenheiro Guilherme Ramos e de tantos outros estudiosos e empreendedores do setor: os investimentos em infraestrutura no país são muito pequenos frente à extensa malha rodoviária. Ramos é o diretor da Paving Expo e Conference, evento que ocorreu em São Paulo na próxima semana e que colocou em pauta a situação das vias e rodovias do Brasil.

Antes de falar em necessidade de expansão, é preciso entender que rodovias são ativos, precisam de manutenção e, quanto mais tardia, mais onerosa.

Sempre é bom lembrar que esse é um cenário em que ninguém ganha e que depende, sim, de vontade política. Mas o maior desafio é criar alternativas para reduzir os custos de construção e manutenção que democratizem a concorrência nas licitações públicas do setor, além de viabilizar tarifas mais baixas nas rodovias pedagiadas em todos os estados brasileiros. 


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