Carlos Natale
Professor da Faculdade Cotemig
Você consegue imaginar sua vida sem internet? E se eu lhe disser que a internet não terá uma vida longa nas nossas vidas, se eu lhe disser que, embora com uma capacidade de adaptação incrível, a internet está morrendo.
Para começar precisamos entender o que é a internet. A internet nada mais é do que uma rede. Assim como uma rede da empresa em que trabalhamos e temos serviços compartilhados entre os funcionários, ou uma simples rede sem fio que temos em casa, ligando computadores, tablets, notebooks e smartphones. Diferente dessas redes mais comuns, a internet conecta todas as partes do mundo.
Podemos traçar um paralelo da evolução da sociedade a partir do último quarto do século 20 com a evolução da internet como tecnologia.
A internet se tornou fundamental para todos nós. Temos a necessidade de estar conectados, precisamos disso, gostamos disso (as vezes odiamos), queremos isso (as vezes não). Nossa relação com a internet, e com tudo que ela proporciona, chega a ser passional. Ao mesmo tempo em que adoramos algumas coisas, odiamos outras tantas.
Assim como a maioria das tecnologias, a internet quebrou uma série de paradigmas da sociedade. Nossa relação de dependência com a internet começou a partir dos anos 1990, com a popularização dos computadores pessoais. Começamos devagar, com certo receio até, mas com o tempo as tecnologias foram mudando, grandes indústrias da tecnologia começaram a criar necessidades, ou seja, coisas que nunca precisamos antes, mas que agora parecem indispensáveis para a nossa vida.
Essa mudança foi gradual e, aos poucos, as tecnologias foram se tornando indispensáveis. Onde queremos chegar com isso?
A internet tem muitos benefícios e poderíamos passar horas listando-os. Mas a internet está morrendo, não por suas facilidades e maravilhas, mas sim por suas mazelas, que nem sempre são tão visíveis aos nossos olhos apaixonados pela tecnologia.
O fato é que a rede mundial está contaminada. Hoje, a ideia de anonimato, que vale ressaltar que é irreal, nos enche de poder. Falamos o que queremos, para quem queremos, sem medo, sem culpa. Um comentário pode inflamar uma multidão, a vida das pessoas está cada vez mais exposta. Padrões de beleza, de felicidade, de inteligência, de mobilidade social estão cada vez mais distantes da realidade das pessoas comuns. Crimes são cometidos pela internet, como tráfico de pessoas, animais e drogas. E ainda: assassinatos são encomendados, armas são vendidas, roubo de informações são realizados, invasões a smartphones, redes coorporativas ou governamentais. Esses são apenas alguns exemplos.
O fato é que a internet, como a conhecemos, está tão contaminada que, em algum momento do futuro, será melhor destruí-la, pois não será mais possível consertá-la. Mas não precisamos entrar em pânico, algo maior, melhor e mais atrativo será criado para substituí-la e vamos adorar odiá-la, também.
O que a tecnologia proporciona não tem volta, sempre vamos querer mais e melhor. Cabe a nós, como sociedade, como usuários de tecnologia ou como criadores dela, sabermos como nos adaptar e tentar fazê-la melhor, mais produtiva, mais inclusiva e, principalmente, muito mais segura.