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Estado de Minas EDITORIAL

Momentos de angústia

O dever do Estado brasileiro é criar uma política de segurança pública eficiente


postado em 21/08/2019 04:00 / atualizado em 20/08/2019 20:19


 




O país viveu momentos de angústia e apreensão com mais um epísódio da sistemática violência que tomou conta do Rio de Janeiro. Foram praticamente quatro horas de suspense com o sequestro de um ônibus em plena ponte Rio-Niterói, por onde circulam cerca de 150 mil veículos diariamente, cujo desfecho foi a morte do sequestrador. Ele manteve 37 reféns sob a mira de um revólver, que depois soube-se ser de brinquedo, uma arma branca e com um galão de gasolina que, hipoteticamente, poderia ser usado para atear fogo no coletivo. No meio de tudo isso, veio à tona o emblemático caso do ônibus 174, há 19 anos, com a morte de uma refém por disparos de um policial e de seu sequestrador, que logo depois morreu sufocado dentro da viatura da Polícia Militar.

O criminoso de ontem de manhã foi abatido a tiros por um atirador de elite da polícia fluminense, conhecido pela alcunha de sniper, o que insuflou a polêmica sobre o uso desse tipo de procedimento no combate à criminalidade. O uso de snipers em determinadas circunstâncias, sobretudo contra bandidos que andam nas favelas portando fuzis e outros armamentos pesados, foi uma promessa do governador Wilson Witzel na última campanha eleitoral. O posicionamento do vitorioso nas urnas acabou provocando acalorados debates em torno do tema.

Não se pode negar que parte da população concorda com a postura de Witzel, mas a esmagadora maioria dos especialistas em segurança pública não acredita na eficácia do abate sistemático dos que circulam nas comunidades carregando fuzis. Além de apontar os riscos representados para os moradores dessas localidades, em caso da liberação do uso de snipers, destacam que políticas de segurança pública devem priorizar a inteligência dos órgãos policiais no envolvimento no combate ao crime e a ocupação dos espaços negligenciados pelo Estado nessas comunidades.

O próprio governador abrandou seu discurso e, agora, admite recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que seja criada jurisprudência relativa à questão. Logo depois de parabenizar a atuação da polícia sob seu comando com a morte do sequestrador da ponte Rio-Niterói, Witzel disse que muitos jurisconsultos se opõem à utilização dos atiradores de elite. Isso porque, em casos específicos de aniquilamento dos portadores de fuzis, os policiais responsáveis podem sentar no banco dos réus como homicidas. Eis o motivo para a consulta ao STF.

No caso específico de ontem, especialistas defenderam a ação policial e o aniquilamento do sequestrador. Isso porque ele apresentava comportamento inusual para quem tem controle sobre um grupo de reféns. Ele logo anunciou que não queria machucar ninguém nem roubar nada, mas sim dinheiro do estado. Dizia, ainda, que só queria entrar para a história e que todos ali também entrariam para a história. Diante das atitudes inusitadas do rapaz de 20 anos, o uso do atirador de elite foi considerada a melhor opção para não colocar em perigo a integridade dos reféns.

É dever do Estado preservar a vida de todos os cidadãos, inclusive dos transgressores da lei, mas em situações-limite como a do sequestro da ponte Rio-Niterói a escolha foi a mais acertada. Isso não significa que o discurso beligerante de incentivo ao uso da força pela polícia sobressaia nas discussões sobre o tema. O dever do Estado brasileiro é criar uma política de segurança pública eficiente.








Frases

"Não quero submeter meu filho ao fracasso"
. Jair Bolsonaro, presidente da República, ao admitir a possibilidade de desistir da nomeação de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para a embaixada do Brasil em Washington
 
 
"Você não pode falar nada, não pode criticar, não pode opinar que você é expulso"
. Alexandre Frota (PSDB-SP), deputado federal, expulso na última semana do PSL, o partido do presidente Jair Bolsonaro 
 


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