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Estado de Minas EDITORIAL

Embate de gigantes

O Brasil, num primeiro momento, pode até se beneficiar com o recrudescimento da guerra comercial


postado em 10/08/2019 04:00


O mundo assistiu apreensivo, esta semana, a mais um embate entre os dois gigantes da economia global, Estados Unidos e China, e que acabou derrubando os mercados em todo o planeta. Os chineses deixaram de lado sua postura moderada e partiram para a retaliação, depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou nova taxação para os produtos importados da potência asiática, o que surpreendeu os que acreditavam que as negociações comerciais entre as duas maiores economias mundiais estavam sendo conduzidas de maneira positiva. Na verdade, a disputa entre os dois países não se resume apenas a uma guerra comercial, mas sim a uma questão geopolítica de fundo: quem vai dominar o mundo nas próximas décadas, já que a China vem ocupando cada vez mais espaço no cenário internacional, desde que os líderes comunistas de Pequim resolveram mudar a economia chinesa para um modelo híbrido entre o capitalismo e o socialismo.

Os chineses responderam prontamente à decisão dos EUA de impor uma tarifa de 10% sobre US$ 300 bilhões em mercadorias do país asiático. Isso significa que praticamente todos os itens exportados para os Estados Unidos sejam taxados. Para tornar seus produtos mais baratos e enfrentar a taxação anunciada por Trump, a China desvalorizou sua moeda, o yuan. A medida foi duramente criticada pelos norte-americanos, que a consideraram artificial e mera manipulação cambial. As autoridades monetárias dos EUA chegaram a anunciar que buscarão, junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), uma forma para eliminar a vantagem competitiva da China criada com a desvalorização do yuan.

A potência asiática, por seu lado, decidiu, ainda, suspender a compra de produtos agrícolas dos Estados Unidos, o que também causou apreensão de que a guerra comercial fique mais acirrada. As empresas estatais chinesas receberam ordens do governo central para procurar em outros mercados as mercadorias que compram regularmente nos EUA. Antes de o embate comercial começar, o que ocorreu logo após a posse de Trump na Presidência de seu país, os chineses eram os maiores compradores da soja norte-americana, com um volume de 25 milhões a 30 milhões de toneladas por ano. Com a disputa comercial, os embarques de soja para a China caíram de 15,2 milhões de toneladas para 5,3 milhões nos primeiros cinco meses deste ano, se comparados com igual período do ano passado.

O Brasil, num primeiro momento, pode até se beneficiar com o recrudescimento da guerra comercial, pois abre-se espaço para o incremento da exportação de produtos agrícolas brasileiros para o gigante asiático. No entanto, o embate poderá trazer danos a médio e longo prazo, já que, certamente, haverá uma retração da economia global. Com menos crescimento econômico mundial, os investidores viram as costas para países emergentes, como o Brasil, e se voltam para nações consideradas mais seguras. Diante da insegurança provocada pelo cenário internacional, o Brasil não pode protelar o dever de casa e conduzir com presteza e eficácia as reformas necessárias para reabrir as portas do crescimento, como vem fazendo com a previdenciária.


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