Dificilmente o Brasil conseguirá cumprir a meta estipulada pelo Plano Nacional de Educação de erradicar o analfabetismo até 2024, fato que envergonha todos, pois sai governo, entra governo, não se consegue acabar com essa anomalia. A triste realidade é que a taxa de brasileiros que não conseguem ler ou escrever nem um simples bilhete continua maior do que o esperado pelos responsáveis pela política educacional do país. Constrangem os dados de pesquisa divulgada recentemente que mostram que o Brasil tem mais de 11 milhões de pessoas (com 15 anos ou mais) que são analfabetas, o que representa um índice de analfabetismo de 6,85%. Mesmo tendo caído 0,2 ponto percentual em 2018, em relação ao ano anterior (redução de 121 mil analfabetos), é muito pouco para um país que se propõe a acabar com essa chaga. Levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad contínua) revela que o Nordeste tem uma taxa de analfabetismo quatro vezes maior (13,9%) do que o Sudeste (3,5%), o que demonstra as desigualdades regionais. Quando se consideram pessoas de 60 anos ou mais, a diferença fica bem maior: 37% dos idosos nordestinos não sabem ler nem escrever, enquanto no Sudeste, a região mais rica do país, são 10%.
Na verdade, a analfabetismo no Brasil está diretamente ligado à faixa etária. O estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que quanto mais velha a população, maior é a proporção de analfabetos. Isso acaba refletindo na queda da taxa de analfabetos, na medida em que os mais velhos deixam de existir com o passar do tempo. Os números mostram que, no ano passado, existiam quase 6 milhões de brasileiros acima de 60 anos que não sabiam ler nem escrever, o equivalente a um índice de analfabetismo de 18,6% para este grupo etário.
Outro dado que chama a atenção na pesquisa diz respeito à taxa de jovens brasileiros que não estudam nem trabalham. Quase um quarto deles (23%) disseram não ter ocupação nem trabalho, o que preocupa os especialistas. O percentual é ainda maior entre os que têm de 18 a 24 anos, idade em que deveriam estar, pelo menos na teoria, em algum curso universitário, chegando a 27%. A pesquisadora e analista Marina Águas, da Coordenação de Trabalho e Rendimento da Pnad contínua, faz a ressalva de que isso não significa que esses jovens sejam inúteis para a sociedade, já que uma grande parte é de mulheres que se ocupam com trabalhos domésticos.
Hoje, o Brasil tem 47,3 milhões de jovens de 15 a 29 anos. Em 2018, 13,5% estavam trabalhando e estudando; 28,6% não estavam ocupados, mas estudavam; 34,9% trabalhavam e não estudavam; e 23% não estavam ocupados e nem estudando. A análise desses números demonstra que tem-se que investir continuamente na melhora da instrução e qualificação dos jovens, uma maneira eficaz de se enfrentar a grave desigualdade educacional existente no país. O combate ao analfabetismo não pode ter trégua e o país tem de extirpar esse mal secular.