Professores e estudantes das universidades federais prometem cruzar os braços amanhã. Por ora, será um dia de paralisação e manifestações em espaços públicos. Trata-se de protesto contra o contingenciamento de 30% das verbas orçamentárias decretado pelo Ministério da Educação. O bloqueio chega a R$ 2,2 bilhões. Não é pouco. Mas torna-se mais profundo se considerarmos o estado de penúria a que estão submetidas as instituições de ensino superior, muitas das quais sem recursos para atividades básicas como limpeza, pagamento de energia elétrica e segurança do câmpus.
Há cinco anos as federais vêm sofrendo cortes e contingenciamentos sem reposição. Segundo a Universidade Federal do Rio de Janeiro, em valores corrigidos, a diferença entre seu orçamento de 2014 e o de 2019 ultrapassa R$ 200 milhões. As demais seguem a mesma toada.
O presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, Antonio Gonçalves, disse que o movimento visa ao recuo do governo na política de corte e à busca de apoio da sociedade na defesa da educação pública. Por seu lado, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou estar aberto ao diálogo e “à disposição para debater soluções que garantam o bom andamento dos projetos e pesquisas em curso”. É bom que haja espaço para o entendimento. Melhor ainda que avanços sejam observados.
A ninguém de bom senso pode ocorrer que governos contingenciem verbas da educação por mero prazer ou sentimentos mesquinhos. Fazem-no por imposição da realidade orçamentária.
No cenário de prosperidade que se esboça, o Brasil precisa contar com quadros qualificados. Os estudantes que vão hoje às ruas têm de estar prontos a fim de contribuir com inteligência e formação técnica para o desenvolvimento nacional. Líderes do movimento devem dar crédito à nota de boa vontade do MEC e sentar à mesa de negociações. Impõe-se que os dois lados estejam cientes da função que desempenham e cheguem a um denominador comum – levados pela certeza de que a pesquisa, o ensino e a extensão são essenciais para o estímulo do parque tecnológico e das relações sociais do país.
.