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Minerar é preciso

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As tragédias de Mariana, em 2015, e Brumadinho, em janeiro deste ano, mancharam a história da mineração no Brasil. Danos ambientais de grandes proporções e as irreparáveis perdas humanas colocaram na berlinda a atividade que, em 2018, garantiu 17% das exportações no país, superando os US$ 20 bilhões. Não há dúvida de que todos os processos envolvidos na extração precisam ser criteriosamente revistos, mas é necessário dizer que a mineração faz parte do DNA da economia de Minas e do país, e demonizá-la é como disparar contra o próprio pé.

Todo ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), mais de 180 milhões de toneladas de ferro são extraídas do solo de Minas Gerais. Um estudo divulgado na última segunda-feira pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) aponta que a crise que abalou o setor depois das tragédias deve levar o estado a perder aproximadamente 100 mil empregos em 2019.

Cem mil empregos a menos significam 100 mil famílias com redução drástica na renda e no consumo, o que, por sua vez, tem impacto gigantesco sobre os setores de comércio e serviços. Tudo isso numa economia que já atravessa uma das piores crises de sua história. Importante lembrar que perdem também – e muito – os municípios mineradores, impactados tanto pela queda na movimentação de recursos da cidade quanto pela redução dos impostos e taxas gerados pela própria atividade.

Em Mariana, por exemplo, a inatividade da Samarco resultou em queda de 26% na arrecadação e fez o desemprego disparar para 27% – mais de quatro vezes maior que os 6% registrados antes do rompimento da barragem do Fundão, em 5 de novembro de 2015.

A Fiemg, que lançou um plano de investimentos para compensar as perdas bilionárias após os desastres, prevê queda de 130 milhões de toneladas na produção de dezenas de minerais, sobretudo minério de ferro, entre 2019 e 2021. A retração do produto interno bruto (PIB) do estado em função da crise no setor, também segundo a entidade, deve chegar a 2,5%, neste ano.

Se, por um lado, o medo de novos desastres abala a saúde da atividade mineradora em Minas, por outro, sem a extração mineral o estado abriria um caminho rápido para outras catástrofes, essas de natureza fiscal, econômica e social. Qualquer atividade econômica que represente 4% do PIB nacional e 8% das riquezas geradas em Minas merece atenção especial, não só para resistir enquanto opção geradora de recursos, mas para seguir como importante aliada rumo à retomada de que o país tanto necessita.

Minerar é preciso porque viver é preciso.

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