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O presidente e sobressaltos na economia

O mais provável é Bolsonaro seguir sendo Bolsonaro, e assim se tornando cada vez mais um risco para a economia


postado em 04/05/2019 05:09


Em maio de 2002, um analista do banco de investimentos Goldman Sachs chamado Daniel Tenengauzer criou o "lulômetro", um modelo matemático que tentava antecipar quanto a cotação do dólar subiria em relação ao real a cada ponto que o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva subisse nas pesquisas. O PT chiou, mas o mercado entendeu logo. Com o Brasil prestes a quebrar e se submeter a um novo acordo com o FMI, a imprevisibilidade do PT no poder alimentava o risco/Brasil e a volatilidade das bolsas. Passados 17 anos, é chegada a hora de se criar um novo medidor de como a política interfere na economia. É hora de o mercado criar o "bolsonarômetro".

Na abertura da Feira Agrishow, em Ribeirão Preto, o presidente Jair Bolsonaro anunciou o plano de crédito e seguro rural e avisou que faria uma brincadeira ao se dirigir ao presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes. "Apelo, Rubem, para seu coração e patriotismo, que esses juros caiam um pouco mais", afirmou, sob aplausos. No mercado, houve um princípio de pânico. Em pouco mais de uma hora, as ações do BB no Ibovespa caíram quase 2%. Rapidamente, os corretores do banco distribuíram vídeos da cerimônia para mostrar que houve um mal-entendido. As ações fecharam o dia estáveis.

O episódio encerra duas lições: a primeira é que presidentes não têm direito a fazer brincadeiras sobre decisões das estatais. A segunda é que ninguém duvida da possibilidade de Bolsonaro tentar impor sua vontade nas companhias controladas pela União.

Duas semanas atrás, sem consultar o ministro Paulo Guedes, Bolsonaro ordenou ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, que recuasse do aumento de combustíveis. Na semana passada, ele ordenou ao presidente do BB que tirasse do ar uma propaganda que considerou contrária aos valores da família brasileira.

A regra do jogo do presidente não se limita às estatais. Exportadores de frango vivem sobressaltados desde que Bolsonaro prometeu transferir a sede da embaixada brasileira de Telavive para Jerusalém e desagradou aos países árabes, responsáveis por 8% do comércio brasileiro. Os investimentos chineses no Brasil caíram 75% em 2018 com a ruidosa retórica do então candidato contra a China.

Promessa de campanha de Bolsonaro, o desmonte do Ibama e do ICMBio e a liberação do uso de agrotóxicos proibidos em outros países está recolocando o Brasil no papel de vilão ambiental mundial. Será necessário um "bolsonarômetro" para prever as consequências para as empresas brasileiras do ativismo presidencial na área ambiental.

Seria mais fácil se Bolsonaro, finalmente, descesse do palanque e compreendesse a gravidade das suas falas como presidente, mas esses quatro meses de governo mostram que essa possibilidade não é factível. O mais provável é Bolsonaro seguir sendo Bolsonaro, e assim se tornando cada vez mais um risco para a economia.


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