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Brasil longe do conflito?

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O desastre provocado pela instabilidade política e econômica e por um possível conflito bélico de proporções inimagináveis não está circunscrito à Venezuela. Tem reflexos diretos no Brasil e em pelo menos mais sete países da América Latina. O embate entre a oposição e o governo de Nicolás Maduro aprofundou os problemas do país, com o desabastecimento de alimentos e remédios e empurrou os venezuelanos a uma crise humanitária sem precedentes. A saída foi migrar para as nações vizinhas.

No território brasileiro, Roraima é o mais afetado, seja pela imigração, seja pela falta de energia elétrica. O estado é o único do país desconectado do Sistema Interligado Nacional, rede de transmissão que corta todas as demais unidades da federação. Entre 2016 e 2018, os recorrentes blecautes aconteceram até duas vezes por dia.

A importação de energia custava R$ 150 milhões ao governo brasileiro. Com a ligação das termelétricas, a despesa aumentou para R$ 490 milhões, entre setembro e dezembro. A solução passa pela construção da linha de transmissão que ligará Boa Vista a Manaus – serão 700 quilômetros.

As obras cortam as terras dos waimiri-atroari, que não são contrários ao empreendimento, mas querem contrapartida do governo federal.

A chegada de migrantes também pesa no caixa do estado e da União. No fim do ano passado, o então governo Michel Temer desembolsou mais de R$ 200 milhões para socorrer Roraima. Além disso, em um ano, foram liberados R$ 265,26 milhões só para as ações militares na fronteira. No último dia 30, o presidente Bolsonaro autorizou mais R$ 223,8 milhões para acolhida e assistência aos imigrantes, ante o acirramento da crise, quando Guaidó, acreditando ter o apoio do Alto-Comando das Forças Armadas, deflagrou a Operação Liberdade, certo de que conseguiria tirar Maduro do governo.

Para um país como o Brasil, com mais de 13 milhões de desempregados e quase o dobro de desalentados (pessoas que desistiram de procurar emprego), uma guerra interna na Venezuela, envolvendo Estados Unidos, Rússia e China, seria catastrófica. A economia brasileira está praticamente estagnada.

Os índices econômicos mostram que a situação brasileira não vai bem. Para especialistas, o crescimento pode ficar abaixo de 1% neste ano. Há grupos que projetam um PIB negativo para o primeiro trimestre.
Os empresários seguem cautelosos. Evitam investimentos e abertura de postos de trabalho. Esse quadro se torna mais nebuloso diante do lento compasso em que caminha a discussão sobre a reforma da Previdência no Congresso. A mudança no sistema previdenciário é fundamental para o equilíbrio das contas públicas, a retomada dos investimentos e, enfim, para fazer a roda da economia girar.

A melhor opção para o Brasil é uma posição centrada, ou seja, uma saída pacífica para o conflito interno da Venezuela será uma medida sábia e sensata, evitando que a bomba jogada no quintal do vizinho exploda sobre seu telhado.
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