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Em Elizabeth (ou nulo ou branco)


postado em 29/04/2019 05:07

A eleição do novo presidente e diretores da Academia Mineira de Letras será em maio. Em janeiro, a atual presidente, escritora e poetisa Elizabeth Rennó Santos, em mensagem dirigida a todos os acadêmicos, manifestou o propósito de concorrer a novo mandato, uma tradição na história daquela instituição cultural. Dei a ela, imediatamente, meu apoio. O texto de minha resposta, datada de 31 de janeiro deste ano, está reproduzido abaixo.

Fui informado, posteriormente, de que dois ou três confrades, como se diz no dialeto da Academia, discordavam da sua pretensão. Em informação que recebi, via e-mail, de um acadêmico (não pedi autorização para identificá-lo), os discordantes seriam filiados ao PT, partido político que acabava de ser derrotado nas eleições federal e estadual. Um deles, ex-secretário do governo do petista Pimentel; o outro, parente e amigo do ex-governador; o terceiro, exercendo mandato parlamentar pela sigla.

Segundo o mesmo e-mail, enviado também a outros acadêmicos, os petistas estariam cumprindo recomendação da cúpula da agremiação derrotada, ou seja, assumir, diretamente ou através de candidatos chamados "laranjas", o comando do maior número possível de instituições e associações, a fim de formar o que chamam de "governo paralelo".
A atual presidente e então candidata Elizabeth Rennó, com a discrição que é sua marca, queixou-se com os amigos da forma como foi hostilizada pelos que não concordavam com sua candidatura. Além de discordar, teriam sido agressivos na resposta à sua mensagem e na exigência de sua desistência. Algo nunca antes acontecido na até então austera, cordial, educada e apolítica instituição cultural. A pressão do grupo contra a candidatura e contra a pessoa da presidente tornou-se mais e mais violenta, levando-a, para dela escapar e atendendo a apelo familiar, a anunciar sua disposição de não mais concorrer. O que, se confirmado, será traumático para a história da Academia.

Tudo isso é lamentável, especialmente a agressão de que a tranquila, discreta, doce, amena e educada poetisa foi obrigada a enfrentar, apenas por desejar complementar o programa que vinha executando na presidência da AML. Não concordo com o silêncio acomodado que acontece, quase sempre, diante de injustiças e abusos. Tenho, em meus escritos, criticado os que assim agem, como no caso recente do STF. É minha norma, é a filosofia que adoto. Relembro, sempre, o gesto honroso e corajoso do mineiro Pedro Aleixo, ao se manifestar, e foi o único, contra a adoção do AI-5 na época do regime militar. Se todos agissem assim, haveria menos abusos, mais respeito, menos arbitrariedades no nosso sofrido país.

Sem entrar no mérito, que certamente têm, dos que disputam, ou iriam disputar com Elizabeth (dizem que a chapa politizada  está sendo montada), todos merecedores de minha amizade e minha admiração, declaro e reafirmo, por coerência, meu apoio e meu voto a ela (ou nulo/branco). E não apenas a ela, mas à respeitabilidade da casa que Vivaldi Moreira tanto dignificou.

Abaixo, o texto integral da resposta que dei, em 31 de janeiro, ao pedido de apoio de Elizabeth para sua reeleição.
 "Solidariedade. Elizabeth Rennó, presidente da Academia Mineira de Letras, é uma intelectual sóbria, austera, modesta, como convém e como é, ou era, tradição mineira. Em carta, ela declara seu propósito de ser candidata à reeleição, em maio. Recebi seu pedido e dei a ela, de imediato, meio apoio e meu voto. Por dois motivos: sem estardalhaço, ela realizou muito pela Casa de Alphonsus, que pode ser considerada, e é, também, casa de Vivaldi, de Mário Matos, de Murilo Badaró e de tantos outros que a presidiram e lhe deram a grandeza merecida. Em sua gestão, o velho estatuto foi reformado, elaborado e registrado o primeiro regimento da entidade, desenhada e aprovada a nova bandeira, instalado na escada o apoio (corrimão), reclamado pelos mais idosos. Foram feitos reparos e corrigidos defeitos nas instalações elétricas e hidráulicas da velha mansão dos Borges da Costa. Além de promover reuniões, conferências, aulas e lançamentos de livros no anexo da casa. Sempre com o apoio dos acadêmicos e a indispensável e competente ajuda de Marília e Cármen, assistentes da diretoria há mais de 15 anos. E tudo com os parcos recursos da Academia, sem onerar os chamados "imortais". Segundo motivo: é tradição, na longa história da AML, o direito à reeleição do seu presidente, para que possa concluir o que havia programado e começado.

Por tudo isso, faço este registro de solidariedade à atual presidente, que estaria sendo pressionada, até por aqueles que ela considerava amigos leais, a desistir de sua candidatura. Ela ficou chocada e triste com os "apelos", mais imposição do que outra coisa,  que recebeu. Alguns deles mascarados com palavras destituídas de sinceridade, como "você precisa descansar", "você já fez muito, agora volte para casa". Na verdade, "tentando decidir por mim o meu suposto cansaço, o meu falso desejo de voltar para casa", quando ainda demonstrava, com sua candidatura,  disposição para continuar e para trabalhar.

Com minha solidariedade, não estou rejeitando possíveis candidaturas, todas válidas, respeitáveis, sem dúvida. Apenas condeno a forma, diria impositiva, ditatorial, com que pretendem impedir a doce e pura Elizabeth de continuar, por mais dois anos, na presidência da Academia, mandato que exerceu com dignidade e sem se deixar envolver por posicionamentos de natureza político-partidária. Envolvimento que constitui um risco permanente que correm todas as entidades, associações, centros culturais e universitários, e a nossa AML estaria na lista, em decorrência do resultado das últimas eleições que afastou do poder um agrupamento político conhecido por sua radicalização. E que não admite perder o poder de influenciar e de combater os que o derrotaram nas urnas."


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