Jornal Estado de Minas

Um basta ao descaso

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O caos que se vê no Rio de Janeiro é reflexo de décadas de descaso, incompetência e descompromisso dos governantes, que foram eleitos justamente para evitar a tragédia que horroriza todos. O Rio, no entanto, não é um caso isolado. É o resumo do Brasil. Infelizmente, a cidade, o principal cartão-postal do país, foi abatida por chuvas torrenciais, que explicitaram o despreparo das autoridades para enfrentar eventos provocados pela natureza.

Certamente, se o dilúvio tivesse ocorrido em qualquer outro centro urbano, como Brasília, Belo Horizonte ou São Paulo, os estragos seriam semelhantes. Com raríssimas exceções, os municípios brasileiros não se prepararam para lidar com catástrofes. Além de não haver capacitação técnica entre os funcionários das prefeituras, os órgãos que poderiam dar assistência à população em momentos de emergência estão sucateados.

Está claro que, enquanto não houver investimentos em prevenção, desastres como os dos Rio vão se repetir. Há quantos anos o país assiste, atônito, a desabamentos e mortes provocados por chuvas? Há quanto tempo se sabe que a ocupação desordenada das cidades abriu uma avenida para enchentes e perdas de vidas? O mais assustador é ver os governantes, que deveriam honrar os cargos que ocupam, num jogo de empurra, quando não alheios ao que está se passando.

O descaso impera em todas as esferas de governo. Prefeitos, governadores e o próprio presidente da República não se mostram empenhados em dar as respostas na velocidade que a população espera.

Pior: não se antecipam aos fatos. Voltemos ao Rio. O temporal que atingiu a cidade foi o terceiro do ano. Nos dois anteriores, foram muitas as mortes. Antes de as chuvas mais recentes desabarem, a Defesa Civil já havia emitido alertas sobres os riscos iminentes. Nada foi feito.

Até quando veremos esse filme de terror se repetir? Quantas vidas mais serão perdidas? É muito fácil para as autoridades de plantão dizerem que faltam recursos para tocar obras essenciais que possam conter os estragos provocados pela natureza. Mas cadê a eficiência? Quando se quer fazer uma boa gestão, a quantidade de recursos em caixa não é primordial.
São vários os casos de que, mesmo na escassez, administradores conseguiram executar programas de prevenção que deveriam ser copiados.

O Rio, infelizmente, é o extremo da desorganização administrativa. O estado teve cinco governadores presos – dois deles continuam atrás das grades por corrupção. Na sede da capital, seguidos prefeitos se esquivaram dos problemas que afligiam os moradores. Não à toa, um governo paralelo, comandado pelo crime organizado, tomou conta da tão cantada Cidade Maravilhosa (ainda é justificável esse título?) e se espalhou por quase todo o estado. As chuvas foram o que faltava para evidenciar que chegou a hora do basta. A sociedade não pode mais aceitar, passivamente, ser tratada com tanto desrespeito.

 

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