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Esvaziamento na indústria

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O governo brasileiro tem de ficar atento a um movimento que vem se desenrolando em relação à indústria automotiva do país, cujos polos vêm perdendo protagonismo no cenário nacional e escancaram a necessidade, urgente, de reinvenção, no setor, dos tradicionais centros produtivos do Brasil. O mais recente acontecimento se deu no emblemático aglomerado industrial brasileiro ABC paulista, com a bombástica notícia do fechamento da fábrica da montadora Ford em São Bernardo Campo, prestes a completar um século de atividades naquele município. Além disso, no início do ano, a General Motors (GM) distribuiu comunicado dizendo que 2019 será decisivo para a operação de sua unidade em São Caetano do Sul, também no ABC.


Os motivos para esse tipo de decisão, que certamente vai acarretar em perda de milhares de postos de trabalho, são vários. E o fenômeno começa, também, a ameaçar outras regiões altamente industrializadas do país, como Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e Camaçari, na Bahia, onde já se nota a tendência de fuga de investimentos. Especialistas indicam que os polos industriais onde se registra esse esvaziamento precisam criar mecanismos que ampliem suas vantagens competitivas. Têm de reunir competências no campo tecnológico e na capacidade inovativa em produtos e processos para atrair novas oportunidades de negócios para as empresas já existentes, além de ser atrativas a outras empresas ainda não estabelecidas.


O sindicalismo radical, que ditou as relações trabalhistas durante décadas, é um dos principais fatores apontados por economistas para a tomada de decisões como as da Ford e GM. Para especialistas em economias regionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a anacrônica ideologia do confronto de classes, idealizada no século retrasado, colocou empregados e empregadores em campos opostos, atravancando o pleno desenvolvimento econômico em diversas áreas industrializadas do Brasil.


No caso específico da conhecida região do ABC, com a desativação da fábrica da Ford, outras nove empresas fornecedoras fecharão as portas, o que significará a perda de pelo menos 30 mil vagas no mercado de trabalho, no momento em que mais de 12 milhões de brasileiros continuam formalmente desempregados. Pelos cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), haverá perda de R$ 4,8 bilhões para a economia do ABC, ao ano, sendo R$ 3 bilhões do setor de caminhões e R$ 1,8 bilhão do de automóveis.


Diante da conjuntura econômica do país, empresas como as que projetam suspender suas atividades têm de reinventar seu modelo de funcionamento e não se sustentar em cima de incentivos fiscais e tributários que devem ser suprimidos.

Não se pode negar a premissa de que a geração e manutenção de empregos – um dos mais sérios problemas da atualidade – ocorrem a partir do crescimento econômico, da ampliação da produção e da geração de riqueza. Assim, os agentes públicos têm a responsabilidade de desenvolver e implementar um exequível planejamento industrial, tanto nas esferas regionais quanto no âmbito nacional.

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