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A crônica da chuva anunciada

Os recursos previstos para obras aptas a prevenir estragos se perdem por falta de projetos e previsão de longo prazo. Até quando?


postado em 05/03/2019 05:06

As chuvas de verão são tão certas quanto o suceder dos dias e das noites, das fases da Lua, das estações do ano ou da troca de calendário a cada 365 dias. Mas, apesar de indubitáveis, os temporais parecem surpreender os governantes sempre e provocam estragos preveníveis. As de 2019 não fogem à regra. Mas chamam especial atenção pela coincidência com o carnaval.

Registrou-se, há algum tempo, mudança na preferência dos foliões. Eles ganharam as ruas. Trocaram os ambientes fechados por praças, avenidas, parques e calçadões. A irreverência dos blocos conquista cada vez mais adultos e crianças. Mesmo as escolas de samba, antes a grande atração do carnaval do Rio de Janeiro, cederam lugar para as manifestações espontâneas que crescem em diferentes pontos da cidade.

O aguaceiro que despencou no Rio, em São Paulo, no Distrito Federal e em outras tantas urbes de diversas unidades da Federação outra vez provocou o caos. Alagou ruas, cancelou brincadeiras, afetou o trânsito. Bueiros entupidos deixaram de desempenhar o papel para o qual foram criados. Árvores, há muito condenadas, despencaram em cima de carros e casas. Lama invadiu comércios e residências. Rios deixaram à mostra o cemitério de lixo e entulho em que se transformaram.

Sobressaíram, mais uma vez, problemas de infraestrutura e falta de planejamento. As autoridades gastam menos do que deveriam no combate às enchentes. Investem menos do que o necessário em planejamento, que é a grande questão da drenagem. Também investem pouco em intervenção, obras de limpeza, campanhas educativas para que a população colabore na limpeza urbana.

Trata-se de cenário conhecido, cuja repetição lembra história do colombiano Gabriel García Márquez. Em Crônica de uma morte anunciada, o Nobel de Literatura de 1991 deixa claro o iminente assassinato de Santiago Nasar pelos irmãos Vicario informado na abertura do romance. Toda a cidade sabe da ameaça. Mas nada é feito para evitar a tragédia. O jovem é morto a facadas pelos gêmeos Pedro e Pablo.

Desculpas não faltam. Elas abundam depois de desastres, perda de patrimônio, desalojamento de famílias, roubo de vidas. Promessas de solução dos problemas se ouvem em todos os níveis de poder. Mas, tão logo o caos sai do noticiário, as palavras caem no esquecimento. Os recursos previstos para obras aptas a prevenir estragos se perdem por falta de projetos e previsão de longo prazo. Até quando?

 

 


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