O Congresso voltou a funcionar, mas, passada uma semana, marcada por polêmicas, sobretudo nas eleições para a presidência do Senado, o que se viu foi só frustração. A tão alardeada renovação de deputados e senadores em nada serviu para dar ares novos ao Legislativo. Os velhos políticos que permaneceram continuam seguindo a cartilha refutada pelos eleitores nas urnas e os que chegaram estão mais preocupados em se mostrar nas redes sociais do que em trabalhar em prol do Brasil
Com o país vitimado por tantas tragédias, todas elas evitáveis, esperava-se uma posição mais dura do Parlamento no sentido de levantar o debate para punir, de forma severa, aqueles que transgridem as leis e provocam mortes de inocentes. Poucas foram as vozes sensatas que se levantaram cobrando não só ações mais efetivas de fiscalização do poder público, mas também medidas para levar para atrás das grades aqueles que se refestelam com a corrupção para garantir ganhos em cima dos mais fracos.
É de suma importância que o Congresso assuma de vez o seu papel. Há uma demanda enorme da sociedade a ser atendida, a começar pela revisão das leis que afrouxaram o papel dos órgãos fiscalizadores, atendendo a lobbies de empresas que têm no DNA o desrespeito às boas práticas. Também é fundamental que deputados e senadores entrem de vez nos debates sobre temas importantes, como a reforma da Previdência e o reforço na segurança pública. Essas duas pautas podem, perfeitamente, caminhar juntas em benefício do país.
O discurso de que a reforma da Previdência pode atropelar o pacote anticrime preparado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, é uma falácia. É desculpa de quem está contra o Brasil.
Entende-se que o fato de o presidente da República estar internado, de a recuperação dele ser mais lenta que o esperado, atrapalha a agenda do Executivo. Mas deputados e senadores podem – e devem – tomar a frente dos debates, reforçando o papel para os quais foram eleitos. Ora, se o presidente precisar de um pouco mais de repouso o Congresso vai parar? E o país, como ficará? Portanto, senhores parlamentares, a primeira semana de adaptações passou, agora é preciso mostrar a que vieram. As ruas estão ansiosas.
O Brasil vive um momento crítico. Não para de contar mortos.
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