Trinta por cento dos brasileiros nunca compraram um livro. O dado vem da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, do Instituto Pró-Livro. O estudo também mostra que a média de leitura per capita nacional é de 4,96 livros ao ano. Levando em consideração apenas os livros lidos por completo, o índice cai para 2,43. A leitura, enquanto hábito, ainda é uma dificuldade no Brasil e traz diversos reflexos, não só de ordem cultural, mas de formação social e linguística.
Apesar de um pequeno avanço (na pesquisa realizada em 2011, cada brasileiro lia em média quatro títulos por ano), se retirados os livros didáticos da conta de leitura anual, a média per capita cai para 2,9 livros anuais, patamar muito aquém dos países desenvolvidos: na França, o número é de sete obras por ano; nos Estados Unidos, 5,1; e na Inglaterra, 4,9. Essa diferença é realçada por outro levantamento, desta vez do Banco Mundial, que aponta que os estudantes brasileiros devem levar cerca de 260 anos para atingir a qualidade de leitura de alunos de países desenvolvidos. Essa lentidão acarreta uma grave crise de aprendizagem.
Mas de onde vem toda essa dificuldade de afeição à leitura? A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) preconiza que só há leitura onde esta é um hábito nacional, e esse hábito vem de casa, além de haver o estímulo à formação de novos leitores. Dá para ver aí o porquê de toda a dificuldade do Brasil.
É certo que não há só uma origem, mas uma conjunção de fatores que minam o apreço do brasileiro pelos livros.
Além disso, os livros considerados "clássicos" a que somos submetidos, ainda na adolescência, têm linguagem e, às vezes, até temas inadequados para mentes de 13 a 18 anos. E quando os primeiros contatos com as páginas não são proveitosos, dificilmente o estudante irá buscar outras obras. Especialistas, hoje, já recomendam que se reveja a lista dos clássicos abordados nas escolas, com títulos mais recentes e até menos volumes, para que cada publicação possa ser melhor analisada.
Admiro iniciativas – e há várias espalhadas pelo país – que tentam tornar a leitura uma experiência prazerosa e lúdica, para além da formalidade.