Em mais de duas décadas da revista Case Studies – especializada em casos de management, hoje disponível somente em formato digital –, jamais nos deparamos com um órgão cuja produção intelectual fosse tão vultosa quanto a do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). A pesquisa econômica aplicada e a decorrente profusão de índices, análises e estatísticas compõem um case ímpar na América Latina.
Criado pelo economista Eugenio Gudin, a unidade foi responsável pelo embrião dos sistemas de cálculo oficial da inflação e do PIB brasileiros. Hoje, o FGV Ibre produz cerca de 30 indicadores de atividade econômica, contas públicas, mercado de trabalho e produtividade.
No ano passado, só em quatro contratos da área que trabalha com projetos customizados para o mercado, a Superintendência de Clientes Institucionais, foram cerca de 120 milhões de dados para produção de análises de setores como imobiliário, automotivo e farmacêutico. São projetos que englobam desde a formação e a análise de preços ao levantamento do volume de vendas; todos com o objetivo de orientar as decisões de empresários, consumidores e gestores governamentais. Alguns desses parceiros do FGV Ibre são OLX, Auto Avaliar, Associação Brasileira das Entidades de Crédito e Poupança (Abecip) e Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).
Outro trabalho que me saltou aos olhos foi a criação do Índice de Inflação Interna para o governo do Ceará. A ferramenta – balizadora de preços de bens e serviços consumidos por órgãos do governo – será utilizada este ano como apoio à gestão pública, pois auxiliará na tomada de decisões sobre orçamentos, assinaturas e reajustes de contratos, além de permitir que o governo elabore estratégias para compras governamentais.
O Índice de Inflação Interna é elaborado a partir de três variáveis: banco de preços, que considera os praticados pelo mercado e os valores pagos pelo governo por cada item, o peso de produtos e serviços em cada órgão do governo, além do peso do item de acordo com sua variação de preço. O projeto envolve a análise de 214 mil registros de compras desde 2015 e foi desenvolvido no âmbito do Programa por Resultados (PforR) do Banco Mundial, em uma parceria com o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). Embora o estado estivesse em ordem do ponto de vista fiscal, o trabalho do FGV Ibre, visando às despesas, complementa as ações na receita e confere mais transparência à gestão.
O monitoramento do sobe e desce dos preços – sempre de excelência e inovação, é importante reiterar –, motivou, ainda, o lançamento do Portal da Inflação, em dezembro, uma plataforma criada para reunir os principais dados sobre os índices de preço divulgados no país.
Ressalto, ainda, o Portal da Inflação, onde nem só os iniciados têm vez, basta ser interessado no tema. Em uma das páginas, os usuários aprendem sobre conceitos relacionados à inflação e, em outra, a "sua inflação". Ao inserir dados de gastos no mês, é possível calcular o próprio índice, além de comparar com a média nacional. A ferramenta permite, ainda, que o usuário obtenha um relatório do percentual que cada item representa no próprio orçamento, para que possa reorganizar suas finanças.
Grande parte da produção do FGV Ibre é de dados públicos. A unidade tem um portal onde publica seus indicadores e pesquisas, além de vídeos de eventos realizados e obras de autoria de seus pesquisadores. Há, ainda, outros sites com informações macroeconômicas relevantes para especialistas, estudantes e gestores públicos, que não posso deixar de mencionar.
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