5, 4, 3, 2, 1. Feliz ano novo! Gritam à meia-noite. Ouvem-se onomatopeias: booom! Tum! Smack! Booom! Tum! Smack! Foguetes, garrafas de espumante, luzes coloridas, beijos apaixonados. Cada coração, um pedido simbólico para a virada: dinheiro, saúde, paz, amor, marido (ou esposa). E a certeza de que tudo será diferente quando o relógio marcar 0h01.
O primeiro dia de janeiro é para curtir a ressaca. Em seguida, com a chegada do quinto dia útil, iniciam-se também as “novidades” do ano: impostos, chuvas, calor, trânsito caótico nas estradas, matrículas e materiais escolares e uma porção de et ceteras. Assim, aparece a velha conhecida de todas as idades: a reclamação. Mês a mês, ela é a companheira de quem acabou de ansiar por momentos antes nunca vividos.
Lista-se o calendário oficial dos reclamantes: em janeiro, reclama-se do calor e do IPVA; em fevereiro, resmungar que está sem grana para o carnaval e para o IPTU; maldizer das águas de março, que limpam qualquer resquício da festa “profana”, que já deixou saudade antes mesmo de o último bloquinho tocar no pós-carnaval; amaldiçoar o tamanho e o preço dos ovos de Páscoa em abril; ficar indignado com a empresa que não emendará o feriado do 1º de maio; em junho, suspirar e destilar inveja de quem tem namorado (a) e, no dia 12, detestar restaurantes lotados; o coitado do frio é odiado em julho e a chuva inunda as praias nordestinas; para quem não tem o privilégio do feriado em 15 de agosto, o mês é tão agourento que nem passa depressa; setembro é a velha história da falta de dinheiro e da emenda do feriado; as crianças reclamam que não ganham presentes desejados e os adultos choramingam que não são mais crianças, em outubro é assim; já novembro, o panetone está caro e vem com frutas cristalizadas; em dezembro sobra até para a uva-passa, que é condenada pelo sabor peculiar e antes do réveillon, a grande reclamação é que 2019 ainda não acabou.
Reclamar é mania, hábito, atitude doentia.
Se estiver calor, plante e preserve árvores que fazem sombra. Se alguém paga imposto é porque tem carro, casa e, de alguma maneira, trabalho. Agradeça por ter meios para quitar as obrigações. Porém, aqui existe um motivo que é válido reclamar: o imposto deve ser investido em segurança, transporte, saneamento básico, saúde pública, educação.
Tudo é questão de perspectiva. Por isso, por favor, menos reclamações. Caso você tenha o dom de não reclamar, parabéns.