O principal obstáculo para desenvolvimento do turismo no país sempre foi a falta de vontade política. De acordo com o último estudo de competitividade do turismo do Fórum Econômico Mundial, num ranking com 136 países, o Brasil aparece na 126ª colocação no quesito priorização do setor de viagens na agenda estratégica do governo. Existe uma unanimidade sobre o potencial turístico do país, mas nunca houve um esforço concentrado para transformar os nossos atrativos naturais, culturais e a tão anunciada hospitalidade brasileira em emprego e renda. A manutenção do Ministério do Turismo como pasta exclusiva pelo presidente Jair Bolsonaro num contexto de enxugamento do governo é um indicativo claro de que o cenário mudou. O setor de viagens, que foi responsável por um em cada cinco empregos gerados no mundo na última década, enfim será prioridade para o governo.
Todo o plano de trabalho será calcado em três pilares fundamentais. O primeiro deles é o fomento ao turismo doméstico, por meio da redução do custo Brasil e do resgate do patriotismo. É preciso despertar no brasileiro o desejo de conhecer o seu país primeiro antes de ir para fora e o governo tem a missão de criar condições para transformar esse desejo em realidade. Não é possível uma passagem de avião para o exterior ser mais barata que para os destinos nacionais.
O segundo pilar é a atração de turistas internacionais com a transformação da Embratur em agência e a modernização da promoção do Brasil no exterior. Atualmente, mais de 1,3 bilhão de pessoas viajam pelo mundo; entretanto, recebemos menos de 0,5% desse total. Num mercado altamente competitivo, cada consumidor é extremamente disputado pelos principais destinos do mundo. Enquanto os vizinhos México, Colômbia e Equador investem respectivamente US$ 490 milhões, US$ 100 milhões e US$ 90 milhões por ano, o Brasil destina apenas US$ 17 milhões para a mesma finalidade. A transformação da Embratur em agência, sem criar mais custos para o governo, permitirá o fortalecimento da divulgação do Brasil no mundo por meio, entre outras alternativas, de parceria com a iniciativa privada.
O terceiro pilar é a atração de investimentos e o estímulo ao empreendedorismo com a desburocratização do país e a criação de áreas especiais de interesse turístico.
Um item transversal que perpassa e influencia toda a estratégia é o aumento da segurança pública, tema central na agenda do governo. Ao colocar o setor como prioridade e atacar, de forma direta e objetiva, gargalos históricos, o potencial tem tudo para virar realidade. A hora do turismo chegou..