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Covardia inominável

A mudança depende de uma revisão na forma de educar meninos e adolescentes, para que não se tornem adultos agressores e desrespeitosos com as mulheres


postado em 10/01/2019 05:04

Os números não reproduzem a plena realidade, mas são suficientes para mostrar que ser mulher no Brasil é um risco. As autoridades reconhecem que há uma subnotificação da violência contra o universo feminino. No ano passado, só pelo Ligue 180, canal do então Ministério dos Direito Humanos, foram recebidas 92.323 denúncias de agressões – aumento de 25,3% na comparação com 2017. Em dezembro passado, 12.123 mulheres foram vítimas dos mais diferentes atos violentos, ou seja, 391 casos por dia.

A evolução das leis, que se tornam mais severas, não inibe a violência masculina contra as mulheres. A sensação é de que, quanto mais rigorosa for a punição, mais os homens se sentem estimulados a transgredir as normas: espancam, humilham, estupram e matam as mulheres e as ex-companheiras, pois não aceitam o rompimento de uma relação conturbada e incivilizada. Em 2017, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública contabilizou 1.133 feminicídios – mulheres mortas por serem mulheres. Em 2018, as tentativas desse crime somaram 7.036 casos.

Segundo o 12º Anuário do Fórum, 60.018 mulheres foram vítimas de estupro em 2017, aumento de 8,4% ante 2016. Outras 221.238 foram cruelmente agredidas pelos companheiros dentro casa – lesão dolosa –, com punição prevista na Lei Maria da Penha. Ou seja, 606 ocorrências por dia. Os homicídios, naquele ano, totalizaram 4.539 casos – 6,1% a mais que no período anterior.

A covardia masculina coloca o Brasil na quinta posição no ranking mundial de feminicídios, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A impregnada cultura do machismo, em que os homens se sentem proprietários da mulher, da namorada ou da ex, está entre as causas dessa epidemia que aumenta, ano após ano, o número de assassinatos e os casos de agressões.

As estruturas do poder público têm que ser adequadas para conter a violência contra as mulheres. Cabe ao Estado não só protegê-las, mas ofertar serviços que permitam a superação dos traumas causados pelas agressões sofridas. Hoje, o Brasil, com 5.570 municípios, dispõe de 443 delegacias especializadas no atendimento às mulheres vítimas de violência. Um número insuficiente diante dos crescentes índices de insegurança.

Para especialistas, a mudança depende de uma revisão na forma de educar meninos e adolescentes, para que não se tornem adultos agressores e desrespeitosos com as mulheres. A educação doméstica deve ser reforçada nos estabelecimentos de ensino. Mas não só isso. As instituições públicas e privadas também precisam adotar critérios de equidade, rompendo com a tradição de depreciar as profissionais que exercem atividades iguais às dos homens. Os exemplos têm que partir de todos os lados, para romper com a falsa ideia de superioridade masculina e fortalecer o sentimento de igualdade e, sobretudo, de respeito entre homens e mulheres.


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