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Coragem. É o que temos para 2019

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O que a vida quer da gente é coragem, diria Guimarães Rosa. Mas aqui não é sobre autoajuda. 2019 começou a partir do nosso planejamento, iniciado no ano anterior, ou até antes. Mas, com a virada do ano, chegou a hora da colheita. Ou do plantio retardatário, se for o caso.

De acordo com a lógica dos ciclos, quando a situação econômica do país começou a dar sinais de agravamento, especialistas previam que este seria o ano da retomada do crescimento. E nós vamos acreditar que todos os movimentos da política e da economia nacional e internacional não afetaram essa projeção, porque quanto antes o brasileiro arregaçar as mangas, mais cedo os resultados começam a aparecer.

E em tempo: precisamos deixar de buscar as soluções em fórmulas mágicas e acreditar, cada vez mais, em nossa capacidade de entrega. Vejo esse como o melhor caminho, por uma razão bem simples: como teremos a confiança das organizações se nós mesmos duvidamos da nossa competência para gerar resultados?.

O ganho em competitividade é o desafio a ser vencido em 2019. É natural, dadas as mudanças políticas em curso, que resultam em cautela no mercado – apesar do atual estado de aparente euforia nas bolsas e no cenário de emprego.

Minha pergunta é: será que nós, os trabalhadores brasileiros, estamos preparados para este novo momento? Que momento é esse?.

Acredito que estejamos vivendo a reta final da zona de conforto, dos regimes celetistas regados a benefícios e à longevidade dos vínculos. Mesmo porque esses vínculos estão sendo fragilizados pela falta de compromisso formal dos dois lados.

E é bom que se registre: estudo realizado pela MSW Research para a Dale Training entre 2012 e 2018 com 439 analisados mostra a remuneração em posição não prioritária no ranking de motivação e satisfação geral no emprego. Para um universo amplo de profissionais engajados – 64% –, o salário não é o principal motivador para a sua permanência nas empresas.

Ou seja, elas precisam ter algo mais a oferecer, embora as pessoas tenham na atividade profissional a sua fonte de subsistência. Mas o sentimento de valorização, as relações com a chefia imediata e a afinidade com os valores da marca são determinantes.

Os recursos disponíveis não poderiam ser melhores, com a alta do desemprego nos últimos anos, que resultou em mão de obra altamente qualificada e sem emprego. Mas até aí o raciocínio é perverso, inspirado em práticas duvidosas de empresários e gestores que pretendem lucrar às custas do desespero alheio.

O ano que se inicia pode ser marcado por um cenário novo, de empreendedorismo cooperativo, que leva em conta a nova realidade das relações de trabalho. Mais resultados, menos perfumaria em relatórios. A remuneração por resultados, o adeus forçado ao contrato celetista e a otimização do tempo de produção podem desenhar uma lógica de parceria.

Neste novo contexto, colaboradores deixariam de reclamar da sobrecarga de trabalho, da falta de incentivos e de oportunidades de crescimento.
Empregadores, por sua vez, deixariam de reclamar de crise – e uso equivocado desta justificativa para achatar salários, cortar benefícios e, por fim, dizimar e juniorizar suas equipes.

Sabe aquela lógica de que negócio bom é para todos os lados? Então, é isso. Mas não se trata aqui de defender ou criticar um modelo ou outro; apenas de opinar sobre uma situação que parece irreversível.


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