O Brasil precisa voltar a crescer urgentemente. Desde 2014, a economia está atolada numa crise que ninguém aguenta mais. São pelo menos 12,2 milhões de desempregados e 27 milhões de pessoas subempregadas, trabalhando menos do que gostariam e ganhando aquém do que precisam para bancar despesas básicas. Na indústria, quase 30% das máquinas estão desligadas porque não há demanda pela produção. No comércio, lojas não param de fechar as portas.
Diante desse quadro dramático, é vital que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, que tomará posse em 1º de janeiro, adote um tom firme em favor do crescimento. Até agora, o que foi apresentado pela futura equipe econômica não conseguiu animar os agentes responsáveis por fazer a produção e o consumo deslancharem. É verdade que os índices que medem o otimismo de empresários e consumidores subiram, mas, por trás desse dado positivo, há muita desconfiança. Por uma razão simples: não há clareza sobre a direção que o Brasil seguirá quando 2019 começar.
O discurso liberal do ministro indicado para a Economia, Paulo Guedes, é errático. E há muita resistência na ala política do entorno de Bolsonaro em relação às medidas que o país deve adotar para impulsionar o Produto Interno Bruto (PIB), sobretudo em relação às reformas, a principal delas, a da Previdência Social. Não por acaso, as estimativas de crescimento para o PIB em 2019 continuam estacionadas, girando entre 2% e 2,5%. Em relação aos anos anteriores, os números são bons, mas insuficientes para gerar os empregos que o país tanto precisa para derrubar os índices de desocupação. E, claro, voltar a distribuir renda, uma vez que a pobreza retornou com força.
Do ponto de vista macroeconômico, a futura equipe econômica não terá muito do que reclamar. O governo de Michel Temer conseguiu reverter a recessão que devastou o país entre 2015 e 2016. Derrubou a inflação para abaixo das metas perseguidas pelo Banco Central – esse quadro deve se manter pelo menos até 2021 – e a taxa básica de juros (Selic) está em 6,5%, o nível mais baixo da história. Também foram aprovados o teto de gastos, que limita o avanço das despesas à inflação do ano anterior, e a reforma trabalhista. E mais: o déficit fiscal, que se mantém elevado, parou de crescer.
Portanto, os pilares para um crescimento mais forte do PIB estão reforçados. Agora, cabe ao governo que tomará posse fazer a parte dele. Na economia, não há espaço para bravatas. São necessárias medidas concretas, que tornem o país mais competitivo e mais produtivo. Discurso bonito não encanta mais os agentes econômicos, que estão escaldados por anos de frustrações e estripulias nas ações do Estado. O momento é de agir com responsabilidade. Para reduzir o desemprego e reverter o vergonhoso fosso que separa ricos e pobres, o Brasil necessita de mais equilíbrio e menos populismo.