Mesmo sendo um dos países mais fechados do mundo quando o tema são as trocas comerciais entre as nações, o Brasil foi o que mais medidas adotou para abrir seu mercado aos produtos estrangeiros. Isso justamente quando proliferam iniciativas de cunho protecionista por todo o planeta, principalmente entre dois gigantes econômicos do globo, Estados Unidos e China. Incrementar o comércio internacional também se dá com a redução de barreiras para importações e exportações, caminho que deve ser seguido pelo governo que assume nos próximos dias a condução da economia nacional.
O Brasil tem de quebrar as amarras do isolamento comercial de forma segura e sem açodamentos, para não cometer erros que possam prejudicar a sua produção industrial. Mas tem de fazê-lo urgentemente, pois no índice de liberdade econômica da Heritage Foundation o país encontra-se, em 2018, na posição de número 153 entre as 80 nações pesquisadas. Já no levantamento da Internacional Chamber of Commerce, está na posição 69 entre as 75 economias mundiais que concentram 90% de todo o comércio e investimentos internacionais.
O fechamento mais aguçado para o comércio exterior durou cerca de 30 anos, tendo atingido seu ápice na década de 1990, o que tirou oportunidades de ouro para o crescimento econômico, pois impediu o país de negociar acordos relevantes. Isso fez com que o Brasil se distanciasse de seus vizinhos mais abertos às trocas comerciais. Enquanto as exportações brasileiras, via acordos internacionais, representam 8% dos consumidores mundiais, esse percentual é de 83% para o Chile, 74% para o Peru e 57% para o México. Assim, a próxima equipe econômica tem o dever de substituir essa política comercial extremamente protecionista que afastou a nação das cadeias de valor globais.
Inquestionável que essa é uma das formas mais seguras de acelerar o crescimento econômico de longo prazo, meta sonhada por todos.
Daí a necessidade de o país mudar a maneira como se relaciona com o mundo, ampliando negócios com nações que possam agregar valor econômico e tecnológico. Porém, sem negligenciar os mercados conquistados com muito trabalho e convencimento e que se tornaram estratégicos. O que não pode pautar a política comercial é o viés ideológico, que certamente foi o norte de governos passados e que não deve ser repetido pelos responsáveis pelas grandes decisões nacionais a partir de janeiro. Fundamental é saber que o comércio exterior não convive bem com questões de ordem ideológica..