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Uma máquina contaminada

Para não enterrar de vez a credibilidade dos concursos, o setor público como um todo precisa rever, urgentemente, as regras para as escolhas daqueles que vão exercer a nobre missão de servir ao público


postado em 27/12/2018 05:05

Num país em que mais de 12 milhões de pessoas sofrem com o desemprego, uma vaga no serviço público se tornou sonho de consumo para muita gente. Além dos bons salários, há a garantia de estabilidade. Mesmo nos momentos mais difíceis da economia, como os vividos em 2015 e 2016, quando uma severa recessão tirou mais de 7% do Produto Interno Bruto (PIB), os aprovados em concurso continuaram empregados e recebendo, na maioria dos casos, os salários em dia.

De olho nesses benefícios, uma legião de brasileiros gasta tempo e dinheiro a fim de se preparar para a disputa das vagas. O que, no entanto, deveria ser um processo limpo, com regras iguais para todos, está descambando para a bandalheira diante dos sucessivos casos de corrupção. Os mais recentes deles envolvem o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e a Novacap, estatal controlada pelo governo do Distrito Federal.

No caso do STJ, a Polícia Civil do DF descobriu que pelo menos 10 servidores do órgão, aprovados em uma seleção realizada em 2015, compraram os gabaritos das provas. Pagaram, cada um, R$ 83 mil a um funcionário do Cebraspe, a banca responsável pela elaboração do certame. A organizadora é ligada à Universidade de Brasília (UnB), da qual o homem que vendeu os resultados dos testes é funcionário. O Cebraspe, por sinal, ganhou esse nome depois de uma sucessão de escândalos de fraudes em seleções públicas. Como ocorreu no Cespe, vários de seus dirigentes foram parar atrás das grades.

Na Novacap, a Polícia Civil suspeita que houve uma negociata para a escolha da Inaz, do Pará, como banca organizadora das provas. Depois de quatro adiamentos na aplicação dos testes, ninguém sabe dizer de onde saiu a empresa, que não tem a menor tradição na preparação de concursos. No último adiamento, os quase 60 mil participantes só souberam que não fariam as provas quando chegaram aos locais informados pela banca. Os portões das escolas estavam fechados e apenas um cartaz dizia que o concurso seria feito em uma data posterior.

É incrível que tamanho desrespeito se repita sistematicamente sem que ninguém seja punido. O Brasil, nos últimos anos, abraçou o combate à corrupção. Mas não parece que esse sentimento de repulsa aos malfeitos tenha chegado aos concursos para o preenchimento das cobiçadas vagas no setor público. Se, no STJ, responsável por zelar pelo cumprimento da lei, os fraudadores fazem a festa, imagine em outros órgãos!

Para não enterrar de vez a credibilidade dos concursos, o setor público como um todo — União, estados, municípios, estatais e autarquias — precisa rever, urgentemente, as regras para as escolhas daqueles que vão exercer a nobre missão de servir ao público. Se a corrupção dá as caras já na primeira etapa da chegada à máquina administrativa, quando os aprovados que burlaram as regras tiverem o poder das canetas, certamente serão alvos fáceis para os esquemas que se especializaram em roubar dinheiro da população. Será a perpetuação da corrupção.


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