Nos últimos tempos, a medicina vem passando por profundas transformações em virtude dos avanços científicos, de forma a beneficiar o trabalho médico e a oferecer uma melhor qualidade de vida para os pacientes, com maior segurança nos procedimentos cirúrgicos, pós-operatórios mais rápidos, entre outros aspectos.
Entre as especialidades médicas, a ginecologia, por exemplo, tem passado por grandes avanços, conforme registros históricos que remontam ao século 19. As descobertas da assepsia, da antissepsia e da anestesia foram revolucionárias para a medicina em geral, mas tiveram forte influência no surgimento da especialidade, cujo conhecimento, até então, sobre o aparelho reprodutivo e as doenças femininas confundia-se com a obstetrícia.
É sempre bom recordamos a história: a ginecologia se originou como uma especialidade cirúrgica graças a pesquisas e descobertas científicas realizadas na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, onde surgiram os primeiros ensinamentos na área. Os EUA são considerados o berço da ginecologia devido a duas experiências pioneiras no mundo: em 1809, o médico Ephraim MacDowel realizou a primeira extração de ovários, conhecida como ovariotomia; e, em 1849, J. Marion Sims inaugurou a cirurgia de fístula vesico-vaginal.
Do século 19 até o nosso tempo, os avanços da ginecologia são muitos. Um deles é a cirurgia minimamente invasiva, cada vez mais comum e eficaz. Os procedimentos, menos agressivos, são realizados em substituição à cirurgia convencional que faz grandes cortes no abdômen, como, por exemplo, na retirada de útero e de tumores como os miomas, que, em geral, hoje, não precisam ser operados e podem ser acompanhados ou tratados por medicamentos ou procedimentos como a cirurgia minimamente invasiva, que utiliza vídeos endoscópios para visualizar o interior do abdômen e órgãos genitais. A videocirurgia em ginecologia, realmente, é um dos grandes avanços da especialidade. Ela se constitui por dois procedimentos principais, a videolaparoscopia e a videohisteroscopia. A videolaparoscopia observa diretamente a cavidade abdominal, visualizando todos os órgãos pélvicos, como o útero, trompa, ovários, alças intestinais, bexiga, peritônio e os outros órgãos abdominais.
A videohisteroscopia, técnica que nós introduzimos no Brasil e em Minas Gerais, em 1985, investiga e trata patologias do útero como pólipos, miomas, entre outras, retirando-as de forma minimamente invasiva. O procedimento é feito através da inserção do videohisteroscópio, que permite ao médico acesso ao interior do útero de maneira muito mais segura, tendo baixos índices de complicações.
Muitas são as vantagens atribuídas à cirurgia minimamente invasiva realizada por vídeos e, mais recentemente, por robôs, mas a principal reside na rápida recuperação da paciente e seu retorno mais precoce às atividades do cotidiano. Verificando os avanços da história da medicina, mais especificamente da ginecologia, observamos que a mulher do mundo contemporâneo tem muito a comemorar.