Alguns pontos do plano de governo de Bolsonaro para o agronegócio merecem nossa análise e – até mesmo – atenção. São eles: segurança no campo, logística de transporte e armazenamento, diversificação, políticas específicas para consolidar e abrir novos mercados externos, e uma só porta para atender as às demandas do agronegócio e do setor rural.
A segurança no campo é uma das maiores preocupações dos produtores rurais. Com frequência, visito fazendas e converso com produtores. Esse tema é destacado nos primeiros minutos de conversa. Ouço frases como “roubaram o meu gado no mês passado”, “não me sinto seguro aqui no campo”, ou ainda “já tive uma propriedade produtiva invadida”.
A logística de transporte e armazenamento é um tema tão complexo quanto a segurança no campo. Nos dois casos, é necessário implementar ações emergenciais, como munir os profissionais de policiamento com conhecimento e equipamentos necessários e implementar um sistema multimodal, com rodovias para o transporte de curtas distâncias, e ferrovias e hidrovias para longas distâncias.
Sobre a diversificação, ela é necessária em vários níveis, desde o estimulo à rotação de cultura até as múltiplas possibilidades de créditos agrícolas, valorizando o nosso agronegócio em sua amplitude.
Em relação às políticas específicas para consolidar e abrir novos mercados externos, é importante focar em Israel (que demonstrou ter alta produtividade agrícola em condições adversas, como no deserto) e na Espanha (referência em fruta, apesar de não ter boas condições climáticas, como temos no Brasil).
Essas políticas precisam também fomentar o intercâmbio de tecnologia, beneficiando todo o ecossistema rural e contemplando os anseios das novas gerações de agropecuaristas, adaptadas em obter as melhores respostas no menor tempo necessário.
Nesse contexto, a proposta de uma só porta para atender às demandas do agronegócio e do setor rural pode ser o grande desafio para o futuro governo. Com características e complexidades diversas, essa porta precisa ser ampla e entender que os agropecuaristas brasileiros têm necessidades distintas. Contemplá-las será uma grande ciência.
Caso consiga implementar, com cautela, presteza e verdadeira eficiência esses pontos importantes do plano, o próximo governo poderá – em pouco tempo – colocar o agronegócio brasileiro em outro patamar. A FAO, por exemplo, estima que teremos mais de 9 bilhões de habitantes em 2050. Eles precisarão ser alimentados. Esse não é um grande estímulo para o nosso agronegócio?