(none) || (none)
UAI

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas

Tragédia anunciada

Existem 3.071 áreas de risco no país, que concentram nada menos que 8.270.127 moradores


postado em 13/11/2018 05:06

As chuvas de verão trazem sempre à lembrança o best-seller de Gabriel García Márquez chamado Crônica de uma morte anunciada. A razão é simples. A morte de Santiago Nasar é divulgada na abertura do romance. Toda a cidade fica sabendo da iminência do assassinato, mas nada é feito para evitar a tragédia.


Niterói, mais uma vez, é palco de infortúnio que deixa mortos e feridos. Deslizamento de terra e pedras atingiu o Morro da Boa Esperança, na região oceânica da cidade, na madrugada de sábado. Seis casas foram destruídas e, com elas, perderam-se 15 vidas, espalhou-se o pânico e acenderam-se luzes de alerta.


O prefeito da antiga capital do Rio de Janeiro, Rodrigo Neves, classificou o acidente como "fatalidade". Significa dizer que, em razão da surpresa, nenhuma medida preventiva poderia ter sido tomada. Trata-se, porém, de visão míope da realidade. O efeito Orloff é previsível. Basta fazer a leitura correta dos fatos.


Em abril de 2010, chuvas torrenciais provocaram catástrofe cujo saldo obriga qualquer governante a pôr as barbas de molho. Deslizamento no Morro do Bumba, na mesma Niterói, soterrou casas, matou 48 pessoas, deixou 200 famílias desabrigadas e número não definido de desaparecidos sob os escombros. Mas o horror não foi suficiente para as autoridades cuidarem das demais zonas perigosas.


O descaso (ou a aposta na boa vontade de São Pedro) não se observa só no Rio de Janeiro. Outras unidades da Federação estão com a espada de Dâmocles sobre a cabeça. Segundo o IBGE, existem 3.071 áreas de risco no país, que concentram nada menos que 8.270.127 moradores. Minas Gerais e São Paulo respondem pelo maior número de habitantes nessa situação.
Informações geográficas são importantes para subsidiar ações de redução de danos - humanos, ambientais, sociais e econômicos. É importante que os governantes recorram a elas e conjuguem o verbo prevenir em vez de o remediar. As chuvas de verão - certas como o suceder dos dias e das noites, a mudança das fases da Lua ou a virada do ano em 31 de dezembro - não precisam ser sinônimo de tragédia.


Os prefeitos têm em mão o mapa dos desastres. Impõe-se planejar medidas de curto, médio e longo prazo para evitar a reprise da morte anunciada. Deslizamento de morros, vale lembrar, não constitui novidade. É fruto da urbanização improvisada, que inchou a periferia das grandes cidades. O desafio: assentar as populações em risco em áreas seguras. Trata-se de tarefa inadiável para não dar a vez a "fatalidades".


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)