Jair Bolsonaro anunciou qual será o primeiro ato que assinará ao assumir a Presidência da República em 1º de janeiro de 2019 – enviar ao Congresso Nacional projeto que fará mudanças na lei para dar às pessoas o direito de ter uma arma. Não significa, segundo ele, o direito de andar armadas, mas o de facilitar a posse para legítima defesa.
Trata-se de bandeira que o então candidato defendeu ao longo da campanha. É natural trazê-la ao debate durante o mandato. A questão que se levanta não é, pois, da legitimidade, mas da oportunidade. Sabe-se que o ungido das urnas – independentemente de partido político ou de plataforma eleitoral – goza de período de lua de mel com a sociedade.
Os cidadãos o agraciam com certa tolerância antes do tsunami de cobranças. Mas a trégua tem vida breve. Tradicionalmente, são 100 dias. Nos tempos bicudos que o Brasil atravessa, especialistas preveem armistício mais curto.
Em português claro: na largada, Bolsonaro precisa mirar prioridades reais, abrangentes, aptas a tirar o país do atoleiro em que se encontra. Há que focar as finanças federais (sem ignorar as das unidades da Federação). A meta de déficit fiscal para 2019 é de R$ 139 bilhões. A reforma da Previdência se impõe para evitar que o buraco se aprofunde e fique fora de controle.
A mudança do sistema de aposentadoria encontra resistências, que terão menos força se enfrentadas na largada do mandato. Ninguém duvida da impopularidade que acarretam iniciativas como a de cortar privilégios (até de aliados) e de alongar o tempo de trabalho e de contribuição do trabalhador. Mas não há como procrastiná-las.
Sem as reformas, o país se privará de trilhar o caminho do desenvolvimento. É grave.
Não há necessidade de doutorados em universidades de ponta para entender que, sem crescimento, o governo ficará com as mãos atadas. O cumprimento das promessas de campanha se adiará para as calendas gregas. É preocupante. A redução do tempo da lua de mel para o eleito prova que o cidadão tem pressa. Frustrá-lo é má aposta.
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