Jornal Estado de Minas

Empreendedorismo a toda prova



No mundo inteiro, o avanço das máquinas inteligentes e a evolução das tecnologias de informação vêm gerando impactos em todas as áreas da sociedade, desde a simples comunicação interpessoal até na política. Quanto ao ambiente de trabalho e dos negócios, essa realidade não é diferente. De acordo com a pesquisa “Futuro dos empregos” (Future of jobs), do Fórum Econômico Mundial, seis de cada 10 ocupações atuais deverão ser afetadas à medida que a inteligência artificial (IA) e a robótica substituem a necessidade de trabalhadores humanos. Ao mesmo tempo, aponta que mais de 2,1 milhões de novas funções serão criadas como parte dessa mudança, deixando claro que a capacidade de reagir e adaptar-se a avanços rápidos da tecnologia é uma competência essencial.
Para atender tanto a essa demanda dos negócios quanto a uma procura cada vez maior por formações alternativas e mais atuais, quando comparadas aos modelos tradicionais de educação, algumas escolas e universidades em todo o mundo já largaram na frente dessa corrida para o futuro, marcada pela digitalização, globalização e inovação acelerada.
 
A francesa Skema Business School (Escola da Economia do Conhecimento e Administração), que chegou ao Brasil em 2015, está ligada, desde a sua criação, há 10 anos, à Nova Economia, que usa conhecimento tecnológico, social e econômico para impulsionar a criação de valor e o crescimento. “Foi esse posicionamento que nos levou a escolher Belo Horizonte, considerado um importante polo de tecnologia, para instalar nosso câmpus no Brasil”, explica Geneviève Poulingue, reitora da Skema Brasil. Desde 2015, alunos estrangeiros da escola podem fazer uma parte de seus cursos no Brasil e, com isso, conhecerem, na prática, uma cultura empresarial diferente daquela existente nos seus respectivos países de origem. “Além de uma rica troca de conhecimentos, nossas parcerias também ajudam a levar Belo Horizonte para além das ‘alterosas’, já que a experiência vivenciada por cada um dos estudantes leva o nome da nossa cidade e de Minas Gerais para o mundo.”
 
Alinhada a uma visão global da escola, de atuar como agente proativo no desenvolvimento dos mercados e localidades em que está inserida, a Skema forma parcerias estratégicas, entre elas a Fundação Dom Cabral, que teve a primeira turma brasileira do curso de graduação em administração, com ênfase em gestão de negócios globais, inaugurada este ano. Uma segunda turma com alunos brasileiros está sendo preparada para 2020, com inscrições a partir deste segundo semestre.
Em maio, a Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas) renovou uma parceria com a francesa, visando o acolhimento de alunos internacionais que estejam estudando em Belo Horizonte.
Integrando o projeto “Internacionaliza BH”, a parceria tem como propósito criar oportunidades para que empresas locais possam receber a colaboração de estudantes estrangeiros dos cursos de pós-graduação da escola. A ideia é que os estudantes elaborarem inovações e soluções para problemas reais dessas organizações.
 
PROTAGONISTAS A instituição planeja, para o fim deste ano, o lançamento de um laboratório global de Inteligência Aumentada. Evoluindo a partir da inteligência artificial, o Skema AI Global Lab pretende capacitar pessoas para que saibam usar essas ferramentas tecnológicas de modo a complementar e apoiar a inteligência humana – modelo no qual os seres humanos permanecem no centro do processo decisório. “Queremos potencializar a criatividade e o pensamento crítico. E, para isso, além de um embasamento técnico-teórico, que esteja alinhado às tendências e tecnologias atuais, é preciso uma vivência cultural que vá além do que a educação tradicional oferece”, afirma a reitora.
 
O Núcleo de Empreendedorismo Juvenil (EFG NEJ) do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-MG), nasceu com a proposta de formar jovens empreendedores e protagonistas, preparados para os desafios do mercado de trabalho e da juventude. Durante um ano, os alunos recebem formação técnica em administração, com ênfase em gestão de negócios, totalmente gratuita, por meio de uma metodologia que alia teoria e prática. Com um projeto inovador, a Escola do Sebrae de Belo Horizonte leva a formação empreendedora a jovens da rede pública de ensino.
“É um projeto transformador e de grande impacto na vida dos jovens, à medida que oferece oportunidade para que eles se desenvolvam em todas as esferas.
Muitos chegam ao curso sem nenhuma perspectiva e, ao se formar, se tornam cidadãos autônomos, capazes de mudar a realidade ao seu redor”, destaca a diretora da EFG NEJ, Fátima dos Santos.
 
Além das disciplinas básicas de administração, o curso oferece projetos “mão na massa” de empreendedorismo e gestão, que permitem ao aluno praticar o que aprendeu em sala de aula. O primeiro é o Tutoria, em que os alunos escolhem um empresário tutor, que abrirá as portas da sua empresa. Por meio de encontros, entrevistas e visitas técnicas às empresas, os alunos têm a chance de conhecer sua rotina e como funciona um negócio.
 
Em seguida, os estudantes participam do Empresa Simulada, projeto que propõe ao aluno vivenciar o mundo empresarial e seus desafios em um ambiente simulado. O participante tem a chance de passar pela gestão de todos os setores, conectado a uma rede simulada de cerca de 5 mil empresas virtuais em todo o mundo.
PROJETOS No Projeto Vitrine, os alunos são desafiados a conceber uma ideia de negócio, desenvolvê-la e planejá-la, de forma a possibilitar a sua implementação. Para isso, devem elaborar um plano de negócios, com o apoio de um professor-orientador.
 
Além dos projetos “mão na massa” de empreendedorismo e gestão, o curso oferece a possibilidade de o aluno atuar em outros de empreendedorismo social, desenvolvendo ações junto à comunidade; projetos de responsabilidade socioambiental e projetos de inovação, em que o jovem tem a chance de desenvolver ideias inovadoras de negócios e criar a sua própria startup.
 
Para a gerente da unidade de Educação e Empreendedorismo, Fabiana Pinho, a EFG NEJ é um projeto de grande importância, à medida que impacta a vida do jovem e gera desenvolvimento para toda a sociedade. “O jovem que tem contato com o empreendedorismo está um passo à frente, desenvolvendo competências técnicas e comportamentais que o tornam apto a empreender em suas próprias ideias ou inovar em negócios já existentes, impactando toda a comunidade em seu entorno”, comenta. “Para nós, a educação empreendedora é uma poderosa ferramenta de transformação para a vida pessoal e profissional do estudante”, acrescenta.
 
Desde que iniciou suas atividades, em 2010, a EFG NEJ já formou mais de 2 mil jovens empreendedores. Em Belo Horizonte, o projeto funciona no Plug Minas, local onde anteriormente funcionava uma unidade da Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (Febem), em parceria com o Governo de Minas.
Para ingressar, o jovem precisa estar cursando ou ter concluído o 3º ano do ensino médio na rede pública de ensino, ter idade entre 16 e 24 anos e ser aprovado no processo seletivo. Por ano, são ofertadas 330 vagas.
 
Em 2017, o projeto se expandiu e abriu a primeira unidade fora do estado, em Salvador, na Bahia. Em 2018, duas novas unidades foram instaladas, uma em Montes Claros, no Norte de Minas, e outra em Belo Oriente, na região do Vale do Aço. A proposta é que o projeto consiga impactar cada vez mais jovens pelo Brasil.
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