Jornal Estado de Minas

RIO DE JANEIRO

Clientes devolvem roupa por presenciarem abordagem racista na Zara

Clientes de uma loja da Zara no Rio de Janeiro devolveram as roupas compradas no local após presenciarem uma abordagem de um segurança a um jogador negro que tinha deixado o estabelecimento sem levar nada.

 

Os clientes presenciaram uma abordagem realizada por um segurança da loja ao jogador de futebol Guilherme Quintino no Shopping Barra, Zona Oeste do Rio de Janeiro.





 

Ele e a namorada precisaram voltar até a loja e mostrar onde tinham deixado uma bolsa com roupas que não foram levadas. O jogador contou no Instagram que o segurança o fez voltar ao estabelecimento e que ninguém explicou o motivo quando questionaram a abordagem: "ato racista, repugnante, não passarão", escreveu.

 

Após testemunhar o caso, registrado no domingo (18/6), a cabeleireira Jacqueline Duvivier, que estava no local, decidiu devolver as compras que tinha feito. Ela disse que se indignou com toda a situação porque também já passou por isso.

 

"A gente percebeu que duas funcionárias estavam desmerecendo o que o casal estava passando. Uma outra moça que estava na fila foi prestar apoio porque o companheiro dela viu a situação. E eu e meu esposo fomos contar para a gerência o que as funcionárias estavam fazendo. Nisso, elas vieram para cima de mim, desmentindo, dizendo que não tinham falado nada, só que todo mundo viu, e me indignei. Não compro nunca mais nessa loja, não piso mais aqui e não quero fazer parte de nada que seja racista ou se envolva em qualquer tipo de preconceito", contou à reportagem.





 

A ação foi gravada por outro cliente e as imagens foram publicadas nas redes sociais.

 

 

"Eu quero agora devolver isso. Eu não vou levar nada de uma loja racista. Eu sou preta. Eu sei o que é sentir na pele", disse cliente da Zara, ao devolver roupas em loja do Barra Shopping.

 

Em publicação nas redes sociais, o advogado do jogador, Djeff Amadeus, afirmou que o segurança da loja foi orientado a fazer a abordagem.

 

À reportagem, a Polícia Civil do Rio de Janeiro afirmou que realiza diligências para apurar os fatos. Imagens de câmeras de segurança e a lista dos funcionários que trabalhavam no dia foram solicitadas pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.

 

A assessoria de imprensa da Zara disse que a empresa "não tolera qualquer ato de discriminação" e lamentou "que o cliente tenha se sentido discriminado" em uma de suas lojas.

 

"A empresa ressalta que está reforçando todos os processos e políticas de atendimento com as equipes para que suas lojas sejam sempre um ambiente seguro, acolhedor e inclusivo para todos", finaliza a empresa.