Jornal Estado de Minas

ACIDENTE

Apenas metade da população usa cinto no banco de trás


O acidente que vitimou o ex-BBB Rodrigo Mussi na quinta-feira à noite (31/3) expõe um problema grave à segurança viária: a negligência do uso do cinto de segurança no banco traseiro. Rodrigo sofreu fraturas múltiplas, traumatismo craniano e está internado em estado grave no Hospital das Clínicas, em São Paulo.





Os dois airbags do veículo foram acionados no acidente. Rodrigo que não estava usando cinto de segurança, foi arremessado para fora do carro (foto: Reprodução / Instagram)

O ex-BBB viajava em um carro de motorista de aplicativo que perdeu o controle e bateu o veículo na traseira de um caminhão. Segundo informações preliminares, Rodrigo estava sem cinto de segurança no banco de trás. Em entrevista, o motorista afirmou não se lembrar de como o acidente aconteceu e disse acreditar que tenha cochilado. Com o impacto, Rodrigo foi projetado para fora do carro.
Uso do cinto de segurança é fundamental
Apesar da obrigatoriedade prevista no Código de Trânsito Brasileiro, apenas 54,6% da população usam o cinto de segurança no banco traseiro, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE, divulgada em 2021. Já nas áreas rurais, o índice cai para apenas 44,8%. Ainda de acordo com a pesquisa, o uso correto do equipamento por todos os ocupantes do veículo pode reduzir em até 70% as mortes e lesões graves.

"Os passageiros têm a falsa sensação de que o banco da frente serve como proteção em caso de acidente. Só que a força que uma pessoa recebe em uma colisão é cerca de 35 vezes o seu peso e não há banco que possa pará-la. Quando há uma pessoa no banco da frente, o resultado pode ser ainda mais grave, pois o passageiro projetado com o impacto, esmaga a pessoa sentada à frente e os dois podem ficar gravemente feridos", explica Alysson Coimbra, diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego.





Falta de regulamentação da atividade dos motoristas de apps


Outro problema que merece atenção do poder público é a regulamentação das jornadas de trabalho dos motoristas de aplicativo. "Diante das altas consecutivas do combustível, o rendimento dos motoristas caiu e isso acaba os obrigando a dobrar jornadas para ter uma remuneração minimamente digna", coloca.

Embora ainda não seja possível afirmar há quanto tempo ele estava dirigindo, o motorista admite que cochilou ao volante, um sinal de cansaço. "Como a atividade de motorista de aplicativos não é regulamentada, não se aplica a esses profissionais a lei que estabelece pausas para descanso durante e entre as jornadas de trabalho", completa Coimbra.

Em março de 2020, a Uber adicionou um recurso que impede que os motoristas do aplicativo permaneçam mais de 12 horas online conduzindo o veículo. Quando o limite é atingido, o app suspende o motorista da plataforma pelas próximas 6 horas. Já o aplicativo 99, que mediava a viagem de Rodrigo Mussi, não tem o mesmo mecanismo ou qualquer outro que limite o tempo que o motorista permanece fazendo corridas.





Outro impasse é que alguns motoristas utilizam mais de uma plataforma para mediar suas viagens. Assim, mesmo que ele seja suspenso de um app, ele poderá migrar para outro, um costume comum entre os motoristas de aplicativos para garantir maior rentabilidade.

Vale destacar que 90% dos acidentes de trânsito são provocados por fatores humanos, revelam dados do Observatório Nacional de Segurança Viária. "Quando o passageiro contratar um serviço de transporte, além de usar o cinto de segurança, é imprescindível ficar atento durante todo o percurso. Ao mínimo sinal de imperícia do motorista ou alteração em seu estado geral, interrompa a viagem e busque abrigo em local seguro. Essa certamente é uma decisão que salva-vidas", completa o médico especialista em Medicina do Tráfego.