Jornal Estado de Minas

EXTORSÃO

Presos extorquem homens com perfis em sites de relacionamento

Investigados pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul (PCRS), detentos da Penitenciária de Jacuí (JEC), em Charqueadas (RS), amedrontavam e ameaçavam as vítimas para conseguir dinheiro.



Se passando por policiais civis, os detentos e familiares deles extorquiam homens que participavam de sites de relacionamento. Conversas obtidas em primeira mão pelo Correio mostram o constrangimento das vítimas.

A apuração policial começou depois que um vigilante, morador de Ceilândia, procurou a 23ª Delegacia de Polícia (P Sul) alegando estar sendo extorquido. Assim como ele, o homem entrou em sites de relacionamento e redes sociais na intenção de conhecer uma pessoa.

De dentro da cadeia do RS, os detentos criaram perfis fakes e se passavam por mulheres para atrair as vítimas, especialmente homens casados e ricos.

Após um tempo de conversa, os internos pediam para que o homem enviasse fotos ou vídeos de cunho sexual.

Os diálogos continuavam e, segundo as investigações, os criminosos chegaram a contratar meninas para que, caso fosse preciso fazer chamada de vídeo, elas aparecessem.

"Depois de uns dias, os próprios detentos entravam em contato com a vítima, mas dessa vez se passando por policial civil", afirmou o delegado Thiago Boeing, da 23ª DP.





Extorsão

Nas conversas, o falso policial, que na verdade era um preso, dizia que a mulher com quem o homem conversava se tratava de uma menor de idade. Dizia, ainda, que a familiar da adolescente havia descoberto tudo e registrado boletim de ocorrência.

Aproveitando-se da situação, os presos começavam uma segunda etapa do crime: os falsos policiais passaram a extorquir os homens pedindo valores altíssimos, com a promessa de que a investigação seria "extinta".

Em uma das mensagens colhidas pela polícia, o preso diz: "O senhor escolhe. Vai querer ir preso e acabar com sua vida. Eu tenho amigo na Polícia Federal. Eu posso pedir a ele para consultar o seu limite de empréstimo."

Ameaçado de prisão, o vigilante de Ceilândia chegou a depositar R$ 4 mil, sendo R$ 2 mil em ocasiões diferentes.



Outra vítima depositou R$ 120 mil. Em um outro diálogo, o interno chega a se passar por Corregedor da Polícia Civil e pede para que o valor do depósito seja a maior, pela posição do cargo.

"Ele (agente) é meu subordinado. Eu sou autoridade maior na corregedoria da Polícia Civil", escreveu o criminoso.

Os depósitos eram feitos na conta dos familiares dos detentos, que estão sendo investigados, segundo a apuração policial. Dos 13 mandados de busca e apreensão cumpridos nessa terça-feira (15/2), 10 são de presos do PEJ.