Jornal Estado de Minas

MACEIÓ ESTÁ AFUNDANDO

Bairros fantasmas surgem em Maceió após afundamento de terra; entenda


Mais de 17 mil pessoas tiveram que deixar suas casas em Maceió devido a um fenômeno geológico que vem assustando moradores da capital de Alagoas. Desde 2018, a cidade sofre com um afundamento do solo, que engole ruas, destrói prédios, derruba paredes de casas e causa tremores de terra.



A culpada do terror é a petroquímica Braskem, que devido a exploração de sal-gema, prometeu pagar R$ 2,7 bilhões para realocar os moradores que deixam para trás suas memórias e verdadeiros bairros fantasmas.

Nesta quinta-feira (29/4), moradores do Bairro de Bebedouro, afetados pela instabilidade do solo na região, fizeram um protesto. O movimentado fechou o cruzamento entre a Ladeira Professor Benedito Silva e a Rua Marquês de Abrantes.


Os moradores cobram do governo uma solução para os problemas causados no solo pela extração de sal-gema, realizada durante décadas pela Braskem

O protesto teve início por volta das 8h30 e fechou os dois sentidos da via, provocando um grande congestionamento na região.



O movimento vem ganhando força após a adesão do influenciador digital Alvaro. Nas redes sociais, o jovem, que tem mais de 7 milhões de seguidores, promoveu a tag: "Maceió está afundando”. O assunto ficou entre os mais falados do Twitter.



Tremores assustam

O agravamento da instabilidade no solo começou em 2018, com um tremor de terra e surgimento de rachaduras no Bairro do Pinheiro. Em seguida, o problema se espalhou e atingiu os bairros vizinhos, Mutange, Bebedouro e Bom Parto.



Agora, esses locais se transformaram em destruição. Moradores compartilham fotos e pedem socorro para salvar as ruas que estão desabitadas. 





Segundo os moradores da região, a população sente todos os dias pequenos tremores. "O chão está afundando a cada dia que passa e rachaduras novas surgem", explica uma moradora do local.

"Morei no Pinheiro a vida toda, foi aqui que minha avó e minha mãe compraram suas primeiras casas. Estudei no bairro, brinquei, cresci, fiz amigos, trabalhei... Ver a situação dele hoje me deixa destruída", explica outra.
 
A Braskem explorou sal-gema nos arredores da cidade por décadas, e o afundamento é consequência de problemas na selagem dos poços explorados.
 

Com a palavra, Braskem

Um acordo assinado entre Braskem, DPE, MPF, MPE e DPU visa apoiar a desocupação das áreas identificadas pela Defesa Civil em Maceió no menor tempo possível e com os custos de realocação dos moradores e as respectivas compensações pagos pela companhia.%u202F

Questionada pelo Estado de Minas, a empresa informou que "as indenizações são negociadas e pagas assim que há entendimento entre o morador e a Braskem". 

"A desocupação está sendo feita antes mesmo que todos os estudos sobre o fenômeno geológico na região fiquem prontos, para priorizar a segurança dos moradores", pontuou a petroquímica.




 
Segundo a empresa, todos os 14.319 imóveis do mapa definido pela Defesa Civil já foram identificados e 11.560 estão desocupados, somando mais de 40 mil pessoas fora das áreas de risco. 

"O Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação, que apoia as famílias, já apresentou mais de 5.500 propostas, e a Braskem pagou cerca de R$ 713 milhões em indenizações, auxílios-financeiros e honorários de advogados", declarou.

"Além disso, mais de 3.600 famílias já receberam sua compensação financeira. Os dados constam do relatório mensal de acompanhamento do programa, regularmente apresentado às autoridades".
 
Ainda segundo a empresa, as famílias atendidas no Programa de Compensação contam com orientação de técnicos sociais e têm apoio para a sua mudança, incluindo pagamento de auxílios-financeiros e de aluguel, ajuda na busca por um imóvel provisório por meio de parcerias com imobiliárias, guarda-móveis e acolhimento de animais de estimação, entre outros.

Um advogado escolhido pelo morador, ou um defensor público, acompanha todo o processo.

audima