Jornal Estado de Minas

MORTES

Mortes por doenças cardiovasculares aumentaram na pandemia

O número de mortes por doenças cardiovasculares durante a pandemia cresceu em todo o mundo, inclusive no Brasil. De acordo com estudos recente de pesquisadores de universidades brasileiras e entidades de saúde, incluindo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o número de mortes por doenças cardiovasculares cresceu até 132% no país.



O trabalho envolveu análise aprofundada em seis capitais: Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Manaus (AM), Belém (PA), Recife (PE) e Fortaleza (CE). De acordo com os pesquisadores, parte desse aumento reflete a baixa adesão ao tratamento de doenças prévias durante a pandemia.

“Tive conhecimento desse estudo brasileiro e falo por experiência médica: estima-se que o impacto tenha sido em todo o país, já que a procura por atendimento e continuidade de tratamentos de doenças cardiovasculares diminuíram em decorrência do medo de buscar clínicas, hospitais e médicos”, opina Fabio Brito Jr., cardiologista intervencionista dos hospitais Sírio-Libanês e Instituto do Coração.

O mesmo aconteceu em outros países, a exemplo dos Estados Unidos. De acordo com estudo publicado no Journal of the American College of Cardiology, aproximadamente um terço das 225.530 mortes ocorridas nos primeiros meses da pandemia e que poderiam ter sido evitadas não tiveram a covid-19 entre as causas. Somente em Nova York, as mortes por doença cardíaca isquêmica (obstrução de artérias do coração) aumentaram 139%. Já as causadas por doenças hipertensivas, subiram 164%.





Ainda de acordo com o trabalho, entre as causas dessas mortes estão adiamento de procedimentos cirúrgicos, maior pressão sobre os serviços hospitalares para cuidar de pessoas infectadas pelo coronavírus e o medo dos pacientes de ir ao hospital pelo risco de contaminação.

Doenças cardiovasculares já são as principais causas de morte em todo o mundo. Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia apontam que tais doenças causam o dobro de mortes que àquelas relacionadas a todos os tipos de câncer juntos, 2,3 vezes mais que todas as causas externas (a exemplo de acidentes), três vezes mais que doenças respiratórias, e seis vezes mais que todas as infecções, incluindo AIDS.

“O tratamento de doenças crônicas cardiovasculares deve ser feito ainda com mais rigor durante a pandemia, para evitar que uma descompensação aguda acabe exigindo mais cuidados e até internações hospitalares dos pacientes”, explica Fabio Brito Jr.

audima