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Estado de Minas COVID-19

Especialistas criticam pontos do Plano Nacional de Vacinação do governo

Plano foi anunciado pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (16/12), acrescentando novos grupos prioritários e a inclusão da vacina chinesa Coronavac


16/12/2020 20:08 - atualizado 16/12/2020 22:05

Vacinas só começariam a ser distribuídas em meados de fevereiro, de acordo com o governo(foto: Fiocruz/Divulgação)
Vacinas só começariam a ser distribuídas em meados de fevereiro, de acordo com o governo (foto: Fiocruz/Divulgação)

Aguardado ansiosamente pela população brasileira, o anúncio do Plano Nacional de Imunização (PNI) contra o coronavírus, do Ministério da Saúde, trouxe como principais novidades a inclusão de grupos prioritários na aplicação das doses e a utilização da chinesa Coronavac na imunização. Os dois pontos são as principais alterações em relação ao que o governo já havia sinalizado por determinação do Ministério da Saúde. No entanto, especialistas afirmam que o discurso negacionista do presidente Jair Bolsonaro pode prejudicar o andamento da vacinação em massa e da prevenção à doença. 
 
“O plano reparou algumas questões, acrescentando os quilombolas, os presidiários privados de liberdade... O governo vai comprar a Coronavac e disse que começará (a vacinação) em fevereiro. Isso pode ter sido um movimento na direção certa. O que não foi direção certa foi a fala do representante máximo da nação falando que não vai tomar vacina, que terá efeito colateral, que terá de assinar termo de responsabilidade... Isso tudo dificulta a adesão da população a uma medida farmacológica de grande impacto para acabar com esse sofrimento da pandemia”, afirma o médico infectologista Unaí Tupinambás, integrante voluntário do Comitê de Enfrentamento ao coronavírus em Belo Horizonte.
 
Ele pontua que Bolsonaro tende a fazer muitos brasileiros a desistirem da imunização, o que prejudicaria no controle da COVID-19, que já matou mais de 180 mil pessoas no país em 2020: “O presidente reforça o discurso anti-vacina, que é muito triste. Você vê um representante máximo da população espalhando a cisão e a discórdia”.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que o início da vacinação deve ocorrer em meados de fevereiro, mesmo que a Agência Nacional de Vigilândia Sanitária (Anvisa) não tenha aprovado nenhum dos imunizantes que estão em fase 3 no Brasil. O governo também apontou que o termo de responsabilidade será exigido aos que forem tomar a vacina ainda na fase de “uso emergencial”, um dos pontos polêmicos do programa. 

Flávio Guimarães da Fonseca, que é pesquisador e coordenador do Centro de Tecnologia de Vacinas (CT Vacinas) e integrante da Rede Vírus (núcleo criado pelo governo federal para o combate à COVID-19), diz que o plano não foi bem montado, mesmo contando com um grupo de cientistas competentes. “Não houve tempo para que os técnicos discutissem o plano. Vários dos pontos ainda não estão claros. Não dá para confiar para aquilo que está descrito realmente vai acontecer. O Brasil demorou demais a entrar nas tratativas com a Pfizer e com a Moderna. Vamos ficar no fim da fila, pois eles já estão atendendo gente no mundo inteiro. É um plano importante, mas incompleto e feito a toque de caixa. Ele foi montado na correria e não será feita uma discussão de longo prazo para o seu engrandecimento”.

Nesta quarta-feira, o governo incluiu entre os grupos prioritários os quilombolas, trabalhadores do transporte coletivo, comunidades tradicionais ribeirinhas e pessoas em situação de rua. Além deles, permanecem na frente para o acesso à vacina os trabalhadores da área da saúde, idosos (acima de 60 anos), indígenas, professores, pessoas com comorbidades, profissionais de segurança e do sistema prisional. 
 

Paciência 

Na visão do epidemiologista Geraldo Cunha Cury, que coordena a aplicação da vacina em Belo Horizonte, o brasileiro precisará de muita paciência até que todos estejam livres da contaminação.
 
"Somos 230 milhões de habitantes. Crianças não fariam parte desse primeiro grupo. Precisaríamos de milhões de vacinas. Então, precisamos entender que o ano que vem vai ser feita a imunização, mas não será de repente, para todos no início. Será um processo lento e as pessoas precisam continuar tendo paciência. Não é algo feito do dia para o outro. Vamos passar o ano com vários grupos vacinando até atingir toda a população". 


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