Jornal Estado de Minas

FAKE NEWS

Vídeo: pastor diz que vacina chinesa contra COVID causa câncer e possui HIV

Em um vídeo que viralizou nas redes sociais, o pastor Davi Goés, do Ministério Canaã da Assembleia de Deus, em Fortaleza, disse durante um culto, sem nenhum tipo de comprovação, que a vacina CoronaVac pode causar câncer e possui o vírus do HIV. Como consequência, Centros e promotorias do Ministério Público do Ceará (MPCE) solicitaram nessa terça-feira (15/12) que o pastor seja responsabilizado civil e criminalmente por disseminar notícias falsas sobre a vacina chinesa.





“Muitas pessoas vão morrer de câncer, achando que foi porque comeu alguma coisa, porque foi hereditário, porque tem família, por causa de um tumor, mas na verdade foi por causa da vacina. Depois que essa substância entrar no nosso organismo vai atingir o nosso DNA, um cientista francês disse que até HIV tem dentro dela”, afirmou o pastor durante o culto. 

Davi Góes também chegou a dizer que nenhuma nação do mundo está comprando a vacina da China, apenas o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Outra informação falsa, já que a CoronaVac foi adquirida pela Turquia e Indonésia. Além disso, o Chile realiza testes com a vacina, mas ainda não estabeleceu contrato de compra.

De acordo com o MPCE, o líder religioso feriu a lei de contravenções penais sobre provocar alarde, anunciar desastre ou perigo inexistente, praticar ato capaz de produzir pânico ou tumulto. Além disso, ele descumpriu uma lei estadual que responsabiliza quem dissemina notícias falsas relativas à pandemia de COVID-19, regulamentada em maio deste ano.



Resposta 


Por meio de nota, o advogado Angelo Gadelha, que representa o pastor Davi Goés, afirmou que ele fez uso "de seu direito constitucional de liberdade de expressão" e "emitiu sua opinião pessoal". Leia a resposta na íntegra: 

"O pastor Davi Goes vem por intermédio de sua assessoria jurídica esclarecer a respeito de matérias que vem sendo divulgadas pelos meios de comunicação nas quais atribuem a sua autoria a afirmação de que o “uso de vacina contra o COVID-19 provoca câncer e possui HIV”.

Inicialmente, destacamos que tal afirmativa não condiz com a conduta praticada pelo Pr. Davi Goes. Vejamos: em culto ministrado na igreja na qual já pastoreia pelo período de 10 anos, mais precisamente na data de 19 de novembro do presente ano, realizando estudos escatológicos da Bíblia, ele cita matéria científica vinculada em alguns portais e canais de vídeo da internet na qual o autor Lamartine Posella tece comentários sobre fala de cientista francês que se pronunciou nesse sentido. Além dessa matéria, o Pr. Davi Goes também embasou seu comentário em entrevista divulgada pelo cientista francês Luc Montagnier, ganhador do Nobel de Medicina, publicada na revista ISTOÉ sob o título: “novo coronavírus foi frabricado acidentalmente em laboratório chinês, diz descobridor do HIV”.

Desta feita, percebe-se que os comentários do Pr. Davi Goes foram feitos tomando como supedâneo reportagens de cientistas vinculadas em grandes meios de comunicação nacional. Não se pode atribuir a ele a autoria de tais notícias. Ao apresentar estas informações aos membros da igreja durante o culto, o Pastor fazendo uso de seu direito constitucional de liberdade de expressão emitiu sua opinião pessoal, cabendo a cada um dos membros analisar e ponderar as informações repassadas, inclusive as científicas. Pensar de maneira diversa seria subjugar a capacidade de entendimento dos ouvintes da pregação.



O recorte do vídeo em apenas um pequeno trecho dissociado de sua grande parte, essa de aproximadamente 40 minutos, realizado de maneira maldosa, assemelhando-se a Fake News, acaba por desvirtuar sua finalidade, tirando do contexto sua fala e conduta, que sempre primou pelo zelo com a sociedade e segurança de todos.

Em sua trajetória como pregador do evangelho não há sequer uma conduta que possa desabonar a vida do Pr. Davi Goes, que infelizmente vem sofrendo juntamente com sua família infundados ataques odiosos.
"
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor Frederico Teixeira

audima