Jornal Estado de Minas

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Governo faz propaganda para questionar 'interesses nem sempre claros' na Amazônia

Uma campanha publicitária sobre a Amazônia lançada pelo governo federal nas redes sociais, nesta sexta-feira, 30, tenta defender a atuação do Palácio do Planalto na defesa do bioma e atribuiu à divulgação de informações "irresponsáveis", um supostos desprezo pelas "importantes conquistas ambientais" do País.



As peças surgem na esteira do desgaste da semana passada provocado pela retirada de agentes de combate a incêndios florestais, por falta de recursos e da pressão contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e a uma semana de um grupo de embaixadores europeus sobrevoarem a Amazônia, acompanhados do governo federal.

Em um vídeo da campanha, o governo cita "interesses que nem sempre são claros" na preservação da Amazônia e reclama da falta de reconhecimento de ações.

"Informações falsas e irresponsáveis desconsideram as importantes conquistas ambientais já alcançadas em benefício do Brasil e do mundo. O governo do Brasil trabalha para conservar, garantindo sustento para quem vive da terra", diz a mensagem.

Em 2020, a Amazônia vem registrando recordes na expansão do desmatamento. Apenas de janeiro a junho, dados do próprio governo apontavam aumento de 25% nos alertas de destruição da floresta, na comparação com o mesmo período de 2019. Entre o agosto de 2019 e julho de 2020, o desmatamento cresceu 34%, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).



A pressão interna e externa ajudou a arranhar a imagem do governo de Jair Bolsonaro na área ambiental, o que tem gerado cobranças de diferentes setores e levado a gestão a buscar reações.

De acordo com a Secretaria de Comunicação do governo, o objetivo da campanha é abordar o "trabalho do governo federal na região, com foco na conservação da natureza em harmonia com a prosperidade das pessoas". Conteúdos acerca do tema serão publicados nas redes sociais até meados da próxima semana.

No texto que acompanha o vídeo, o governo afirma que "a Amazônia possui riquezas que o mundo todo conhece e parte deseja". O material ressalta, ainda, que "conservar a natureza é responsabilidade de nós, brasileiros".

O teor coincide com as manifestações do presidente Jair Bolsonaro a respeito das críticas que recebe na área ambiental. Em discurso na Cúpula de Biodiversidade das Nações, em 30 de setembro, o presidente acusou organizações não governamentais de cometerem crimes, sem apresentar evidências, e reclamou da "cobiça internacional" na floresta brasileira.

"Rechaço de forma veemente a cobiça internacional sobre a nossa Amazônia. E vamos defendê-la de ações e narrativas que agridam a interesses nacionais", declarou, à época.

audima