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'Nós entramos tarde no combate ao desmatamento', afirma Mourão

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, reconheceu nesta sexta-feira, 4, durante o evento Retomada Verde, do Estadão, dificuldades do governo na área ambiental em relação às queimadas e ao desmatamento da Amazônia. "Nós entramos tarde no combate ao desmatamento", afirmou, durante o debate mediado pela jornalista Eliane Cantanhêde. Mourão, que também preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal, tem agido para mudar a imagem da política ambiental do governo no exterior, onde a gestão Jair Bolsonaro é alvo de críticas.

Segundo Mourão, a Operação Verde Brasil 2, que usa as Forças Armadas no combate ao desmatamento, só "entrou pra valer no terreno" na segunda semana de junho deste ano, mas o governo federal tem um plano de diminuir os níveis de desmatamento ainda em 2020. Ele ainda destacou que esse aumento do esforço para frear a devastação da floresta coincidiu com a crise causada com a pandemia do novo coronavírus.

"O objetivo é chegarmos com o desmatamento e as queimadas abaixo da média ou dos mínimos históricos que já tivemos anteriormente", afirmou. Ele também destacou que o papel das Forças Armadas no combate ao desmatamento é apoiar os órgãos ambientais na fiscalização. "O Exército não assumiu nada, mas (atua) dando apoio para que Ibama e ICMbio possam exercer suas atividades", disse Mourão, lembrando que os dois órgãos têm sofrido com equipes reduzidas nos últimos anos.

O vice-presidente também defendeu a participação das empresas na defesa da Amazônia. "É fundamental que o setor privado trabalhe lado a lado", disse. A tarefa do governo, acrescentou, "é criar um ambiente de negócios estável, amigável, desregulando, desburocratizando", além de dar "segurança política" aos investidores.

Ainda segundo ele, é preciso que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, aperfeiçoe suas ferramentas para monitorar o desmate. "O trabalho do Inpe não usa inteligência artificial", disse. O monitoramento da perda de cobertura vegetal feitopelo instituto tem sido questionado por integrantes do governo Bolsonaro desde o ano passado.