Jornal Estado de Minas

Pandemia na aldeia

Cacique Aritana morre de COVID-19, informou família

O cacique Aritana Yawalapiti, uma das lideranças indígenas mais influentes do Brasil, morreu nesta quarta-feira (5) em um hospital de Goiânia por complicações respiratórias causadas pelo novo coronavírus, informaram seus familiares.



"Sua morte está confirmada", disse por telefone à AFP Iano Yawalapiti, sobrinho do líder do Alto Xingu (Mato Grosso), conhecido por defender os direitos indígenas e proteger a Amazônia. "Era um grande defensor da luta pela preservação e perpetuação da cultura de seu povo para as novas gerações e denunciou constantemente os efeitos do desmatamento", afirmou sua família em comunicado.

Aritana, de 71 anos, que sofria de hipertensão, foi diagnosticado com COVID-19 e internado na unidade de terapia intensiva do hospital São Francisco de Assis em 22 de julho, depois de sofrer sérios problemas respiratórios que afetaram um de seus pulmões.

Aritana foi forçado a deixar sua aldeia yawalapiti, no coração do território Xingu, para ser tratado primeiro em um hospital de Canarana e, finalmente, viajou mais de 8 horas de carro até Goiânia.



Um irmão e uma sobrinha do cacique também morreram do coronavírus, informou seu filho Tapí.

Aritana iniciou uma campanha para arrecadar fundos e levar atendimento médico à sua comunidade, sem recursos ou medicamentos para atender os pacientes mais graves, contou Tapí.

Mais de 630 indígenas morreram pelo coronavírus e pelo menos 22 mil contraíram a doença, de acordo com o balanço mais recente da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), que acusa o governo Jair Bolsonaro de omissão diante da pandemia.