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Estado de Minas VAI PARA OS EUA

Brasileira de 18 anos passa em sete universidades internacionais

Estudante mora na periferia de SP e vai cursar neurociência na Flórida (EUA)


postado em 25/06/2020 12:38 / atualizado em 25/06/2020 13:38

Jovem vai ser neurocientista(foto: Arquivo pessoal)
Jovem vai ser neurocientista (foto: Arquivo pessoal)
Isabelly Moraes Veríssimo dos Santos é moradora de Vila São José, comunidade da periferia da cidade de Cubatão (SP). Com apenas 18 anos, a jovem realizou um grande sonho: conseguir uma vaga para estudar neurociência fora do país.

Isabelly fez o processo seletivo de 10 universidades nos Estados Unidos e na Austrália, foi aprovada em sete, sendo seis nos EUA e uma na Austrália. Em seis delas, a estudante conseguiu bolsa por mérito estudantil, destinada a alunos com bom rendimento escolar.

Escolheu ir para a Nova Southeastern University (NSU), na Flórida (EUA). “Foi a faculdade que mais me deu apoio, foram muito acolhedores com essa questão da pandemia. Além de ser uma referência na área da saúde, também tem ênfase na diversidade (LGBTs, estrangeiros e mulheres em cargos de liderança)”, diz Isabelly.

Tema de interesse já na graduação

A estudante se interessou por cursar neurociência no exterior porque é preciso trilhar menos etapas para chegar até a área escolhida. No Brasil, teria que, primeiro, fazer graduação em medicina. Depois, pós-graduação em neurologia para, só então, fazer a especialização em neurociência. No exterior, ela estudará a área direto na graduação. 

Desafios

As aulas nos Estados Unidos começam em 17 de agosto, mas Isabelly ainda não sabe se vai conseguir viajar até essa data. O consulado está fechado até 31 de julho devido à pandemia do novo coronavírus. “Muita gente tem tentado tirar o visto. Com a proibição da entrada de brasileiros nos Estados Unidos, talvez demore um pouco para conseguir a entrevista e tirar o visto.”

Isabelly ao lado dos amigos apresentando uma pesquisa científica(foto: Arquivo pessoal)
Isabelly ao lado dos amigos apresentando uma pesquisa científica (foto: Arquivo pessoal)


Há ainda outras dificuldades. Para estudar no exterior, é necessário que o estudante comprove que têm recursos para se manter no país pelo período de um ano. Isabelly recebeu uma bolsa de 16 mil dólares, o valor cobre a maior parte da taxa anual da faculdade, mas não é suficiente. 

Somando esse fato à alta do dólar, a estudante decidiu abrir uma vaquinha on-line para quem quiser ajudá-la a custear os estudos. A jovem precisa de R$ 73 mil para pagar plano de saúde obrigatório, compra de material didático e taxas de serviços. Em troca do dinheiro doado no site, ela oferece recompensas, como mentorias e videoaulas.

Caminhos até o sonho

A jovem sempre estudou em escola pública. De família humilde, teve um ensino fundamental precário na escola municipal do bairro. A vida começou a mudar quando chegou ao Instituto Federal de São Paulo (IFSP), onde cursou o ensino médio. A escola, também pública, transformou o destino da jovem.
No IFSP, Isabelly começou a participar de atividades extraclasse. “Eu me envolvi em atividades de voluntariado, pautas que são de cunho social e científico.” Como a formação do ensino médio no IFSP é integrada ao ensino técnico, ela tinha como parte da carga horária de estudos um estágio obrigatório em uma loja de informática. Trabalhava e, com o dinheiro do estágio, ajudava em casa. 

Quando assistiu a uma palestra sobre oportunidades em faculdades internacionais com o youtuber Matheus Tomoto, passou a se interessar por estudar fora do país. Com o dinheiro ganho no estágio, pagou uma mentoria com o rapaz.

Em relação ao futuro, a estudante é cautelosa, porém decidida: “Eu nunca fui uma pessoa de muitas expectativas, mas pretendo voltar para o Brasil e trabalhar como cientista e médica”. Isabelly quer atuar no Sistema Único de Saúde (SUS) ou programa no Médico Sem Fronteiras (MSF). 

“Acho que temos que valorizar nosso sistema de saúde. Tem muita coisa para eu fazer no Brasil, para dar visibilidade ao país. Não tem como eu falar que vou estudar fora e levar esse conhecimento só para fora se eu tenho tanta coisa para fazer aqui”, afirma.

“Aqui nós temos uma ciência muito forte, muito bonita. O que nos falta é a valorização do cientista, do estudante, da pesquisa, os recursos para pesquisar. Minha luta principal é levantar a bandeira para o reconhecimento dos cientistas brasileiros”, explica.
 
*Estagiária sob supervisão de Ana Sá 


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