Uma empresa chinesa cancelou a compra de 600 respiradores feita por estados do Nordeste para desafogar o sistema de saúde ante a pandemia do novo coronavírus. Os equipamentos já estavam no Aeroporto de Miami, nos Estados Unidos, onde seriam enviados ao Brasil. A notícia da desistência do negócio foi publicada, inicialmente, pela Folha de S. Paulo, nessa sexta-feira.
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Bares burlam regra com 'jeitinho' para manter serviçoComércio já reabre na periferia de SP, apesar do medo do novo coronavírusBolsonaro pede desbloqueio de insumos para cloroquina ao 1º ministro da ÍndiaBolsonaro promete zerar impostos de Zinco e vitamina "D" para combater covid-19Morre no Reino Unido menino de cinco anos infectado com coronavírusNa última quarta-feira (1), o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, apontou queda no número de insumos oriundos da China. Mesmo sem citar os Estados unidos, Mandetta criticou a postura do país liderado por Donald Trump.
"Estamos vendo retenção sobre produções globais de máscaras. Quase que uma coisa assim: 'isso era global; agora é só para atender ao meu país', disse ele. "O momento continua difícil em termos de abastecimento de sopradores. Nós não confirmamos hoje o que vai entrar de respiradores e material", completou, fazendo alusão ao problema enfrentado pelos estados do Nordeste.
COVID-19 no Nordeste
Segunda região brasileira com mais casos de coronavírus, o Nordeste soma 1.399 registros da doença, segundo o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde nessa sexta-feira. O Ceará continua sendo o estado com mais pessoas contaminadas: são 627 infectados e 22 óbitos — na quinta-feira (2), eram 550 e 20, respectivamente. Segunda unidade federativa da região com mais registros, a Bahia tem 282 doentes e 5 mortos. Em 24 horas, foram contabilizadas 77 novos casos e duas mortes a mais.O Piauí, por sua vez, tem a maior taxa de letalidade nacional — 19%, contra 4% da média brasileira. Por lá, já são 21 casos e 4 mortes. Nessa sexta-feira, Mandetta disse que o aumento da quantidade de testes distribuídos às secretarias de Saúde deve alterar o prognóstico.
‘Guerra das máscaras’
Nesta semana, a França fez acusações aos Estados Unidos sobre a interceptação de um carregamento de máscaras que, assim como os respiradores inicialmente destinados ao Nordeste, foram produzidos em solo chinês."Com a carga ainda na pista, os americanos pegam dinheiro e pagam três ou quatro vezes mais pelos pedidos que havíamos feito", disse, na terça-feira, o administrador da região de Grand Est, no nordeste da França, Jean Rottner, à rádio RTL.
Um dia antes, Valérie Pécresse, administrador de Ile-de-France, área do país que inclui a capital Paris, fez acusação semelhante. "Perdemos um pedido para os americanos que nos superaram em uma remessa que tínhamos feito", comentou, sem mencionar quem havia repassado a informação.
À Agência France-Presse, um integrante do alto escalão do governo estadunidense negou veementemente o desvio das máscaras. “O governo dos Estados Unidos não comprou nenhuma máscara da China destinada à França. Informações que apontam o contrário são totalmente falsas", declarou.
Com informações da AFP