Jornal Estado de Minas

Policiais encerram greve no Ceará


Os policiais militares que estavam amotinados no 18º Batalhão da PM, em Fortaleza, votaram pelo fim da greve na noite deste domingo. Eles aceitaram a proposta definida no mesmo dia pela comissão especial formada por membros dos três poderes no Ceará e da própria categoria. Um dos pontos do acordo é que os policiais retornem ao trabalho nesta segunda-feira.


A proposta apresentada pela comissão apresenta os seguintes termos: os policiais terão apoio de instituições que não pertencem ao governo do Estado, como Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Defensoria Pública e Exército; terão direito a um processo legal sem perseguição, com amplo direito a defesa e contraditório, e acompanhamento das instituições mencionadas anteriormente; o Governo do Ceará não vai realizar transferências de policiais para trabalhar no interior do estado em um prazo de 60 dias contados a partir do fim do motim; revisão de todos os processos adotados contra policiais militares durante a paralisação.

As propostas foram apresentadas pelo ex-deputado federal Cabo Sabino, líder dos policiais amotinados e que tem mandado de prisão em aberto por motim. A principal reivindicação dos policiais para encerrar o motim, a anistia aos militares envolvidos na manifestação, não foi atendida pelo governo.

"Hoje temos apoio do Exército, da OAB, da Defensoria Pública. Se esse movimento continuar, não saberemos como vai ser o dia de amanhã. Então votem com consciência e considerem que a gente pode ter algo muito bom para todos nós ou algo muito ruim para alguns de nós", orientou o deputado Soldado Noélio, que foi nomeado interlocutor dos policiais para dialogar com o governo sobre os interesses da categoria.


Desde o início do motim dos policiais, o número de homicídios no Ceará teve forte aumento. O crescimento nas mortes violentas foi 138% quando comparados os primeiros 25 dias do mês de fevereiro de 2019 e 2020.

A Assembleia Legislativa do Ceará deve votar nesta segunda-feira a proposta de Emenda à Constituição (PEC) que proíbe anistiar policiais militares que atuem em motim ou paralisação da categoria. A greve de policiais militares é inconstitucional, entendimento que foi reforçado pelo Supremo Tribunal Federal em 2017. A PEC foi uma das ações do governador Camilo Santana em reposta ao motim. Os deputados estaduais vão decidir também sobre o projeto que reestrutura o plano de carreira dos policiais. O projeto que tramita atualmente aumenta o salário de um soldado da PM dos atuais R$ 3,4 mil para R$ 4,5 mil, em aumento progressivo até 2022.