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Estado de Minas CORONAVÍRUS

EMERGÊNCIA E MP PARA GARANTIR QUARENTENA

Ministério da Defesa estuda usar dois aviões para trazer os cerca de 40 brasileiros que estão na cidade de Wuhan, na China, mas ainda não definiu onde eles ficarão no Brasil


postado em 04/02/2020 04:00 / atualizado em 04/02/2020 10:16

Casa Civil fez a primeira reunião emergencial para discutir a epidemia de coronavírus no mundo e como repatriar os brasileiros (foto: RAFAEL CARVALHO/CASA CIVil)
Casa Civil fez a primeira reunião emergencial para discutir a epidemia de coronavírus no mundo e como repatriar os brasileiros (foto: RAFAEL CARVALHO/CASA CIVil)
Ministério da Defesa estuda usar dois aviões para trazer os cerca de 40 brasileiros que
estão na cidade de Wuhan, na China, mas ainda não definiu onde eles ficarão no Brasil
Brasília – O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o governo vai aumentar o nível de alerta em saúde no caso do coronavírus de perigo iminente para emergência em saúde pública. Segundo o ministro, o reconhecimento de emergência em saúde pública vai facilitar o processo de repatriamento de brasileiros que estão na cidade de Wuhan, na China, epicentro do surto de coronavírus. Mandetta adiantou que o governo deve encaminhar ao Congresso Nacional uma medida provisória que vai definir os critérios de quarentena, que deverá ser de 18 dias. "Vamos fazer uma lei de quarentena para fazer com que todos os itens relacionados à quarentena funcionem interligados", acrescentou o ministro. Ele destacou que, apesar de o país não ter confirmado nenhum caso de coronavírus, o reconhecimento de emergência em saúde pública vai dar mais agilidade ao governo para os trâmites de repatriação.

No domingo, um grupo de brasileiros que está na China publicou carta aberta, no YouTube, pedindo ajuda ao governo brasileiro para retornar ao Brasil. No vídeo, o grupo afirma que está disposto a passar por quarentena após chegar ao Brasil. "Sem o estado de emergência eu não consigo ter medidas de agilidade para lidar com uma situação dessa. O estado de emergência vai servir inclusive para viabilizar essa operação de repatriamento que vai ter custos não previstos", afirmou. O ministro informou que o governo ainda está finalizando os trâmites para trazer os cerca de 40 brasileiros que estão em Wuhan, mas que ainda não há data definida, inclusive podem ser usados dois aviões.

Ele acrescentou que a repatriação se aplica apenas aos brasileiros em Wuhan, já que os que estão fora da cidade têm o direito de de ir e vir e podem sair da China sem o apoio do governo. "Vamos trazer as pessoas que estão em Wuhan porque a cidade está em estado de bloqueio determinado pela autoridade de saúde da China", disse. "Vamos trazer as pessoas que queiram vir. Em segundo lugar, as que estejam em condições de vir e, em terceiro, que se garanta a proteção do coletivo com as medidas de saúde necessárias", afirmou.

Segundo Mandetta, o governo trabalha com a possibilidade de dois voos. O Ministério da Defesa ficará a cargo dos detalhes do voo e o das Relações Exteriores, dos trâmites junto ao governo chinês para a liberação dos brasileiros. "O prazo para o repatriamento será o necessário para que nós possamos fazer [o regesso] com a máxima segurança, respeitando todos os trâmites legais e de saúde", disse. Assim que chegarem ao Brasil, eles deverão ser submetidos a quarentena, de acordo com procedimentos internacionais, sob a orientação do Ministério da Saúde. A duração da quarentena será de 18 dias. Ainda de acordo com o ministro, não há uma definição do local onde os brasileiros passarão a quarentena. O ministro citou a possibilidade de a quarentena ser realizada em uma base militar em Anapólis (GO) e outra em Florianópolis.

Indefinição


A escolha ficará a critério do Ministério da Defesa. Para o ministro Luiz Henrique Mandetta, são três as razões principais para a "cautela" ao trazer os brasileiros: a cidade de Wuhan escolheu fazer um isolamento e quando se entra em um local de quarentena, mantém-se esse estado de quarentena; lá estão concentrados 67% de todos os casos; quando se traz pessoas de várias regiões do país, elas seriam espalhadas para vários estados do Brasil. Por isso, a quarentena tem que manter todos eles juntos.

O Brasil investiga 14 casos suspeitos do novo coronavírus, de acordo com o Ministério da Saúde. Nenhuma infecção foi confirmada. Desde o início do monitoramento do Ministério da Saúde, o Brasil já descartou ao todo 13 suspeitas. Santa Catarina e Rio Grande do Sul continuam com a mesma quantidade de pacientes em investigação: 2 e 4, respectivamente. Entre os 14 casos suspeitos, 11 deles estão passando pela etapa de testes para vírus comuns, como o influenza. Caso um vírus já conhecido no Brasil seja detectado, a chance de o paciente ter coronavírus é descartada. Outros três casos já deram negativo para doenças comuns e, agora, estão em um teste específico apenas para o 2019 n-CoV.

O ministro falou com a imprensa ao deixar reunião, no Palácio do Planalto, para tratar do assunto na manhã de ontem. Além de Mandetta, participaram os titulares da Casa Civil, Onyx Lorenzoni; da Defesa, Fernando Azevedo e Silva; e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina.

China pede ajuda com máscaras e roupas

Pequim – O governo chinês, que começa a ficar sobrecarregado pela epidemia do novo coronavírus, pediu uma ajuda urgente de máscaras, óculos e roupas de proteção, enquanto o número de mortos chegou a 462, excedendo o saldo da Sars em 2003. “O que a China precisa urgentemente é de máscaras, trajes e óculos de proteção”, declarou Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. Vários países, incluindo França, Reino Unido, Japão e Coreia do Sul, já enviaram material médico para a China, acrescentou a porta-voz.

Enquanto isso, o país segue paralisado pelo medo do vírus que já contaminou mais de 19 mil pessoas. Nesta segunda-feira, o Ministério da Indústria reconheceu que, após o longo feriado do Ano Novo Lunar concluído no domingo, as fábricas retomaram a produção e trabalham com 70% da capacidade. As autoridades de saúde chinesas registraram 57 mortes nas últimas 24 horas, no pior saldo diário desde que o novo coronavírus foi detectado em dezembro em Wuhan, capital da província de Hubei. Atualmente, a China continental (sem contar Hong Kong e Macau) já contabilizou mais mortes dos que as 349 causadas pela epidemia da Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS) em 2002-2003. A Sars, que infectou cerca de 5.300 pessoas em vários países, deixou um saldo total de 774 mortos, principalmente em Hong Kong.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), que já declarou uma emergência internacional devido à atual epidemia, reportou nas Filipinas a primeira vítima fatal do novo coronavírus fora da China, um homem de 44 anos de Wuhan. A maioria das mortes e infecções está concentrada em Hubei, onde cerca de 56 milhões de habitantes estão isolados do mundo desde 23 de janeiro e têm severas restrições ao deixar suas casas, na tentativa de conter a propagação. Seus habitantes se sentem discriminados e sob constante suspeita. Lucy Huang, uma cineasta documentarista de 26 anos que vive em Pequim e nasceu em Wuhan, diz se sentir “muito ferida”. “Nosso inimigo é o vírus, não deveria ser a população de Hubei, ou Wuhan”, disse à AFP.

Na imensa cidade industrial de Wenzhou, a cerca de 800 quilômetros de Wuhan, colocada em quarentena, seus 9 milhões de habitantes receberam ordens de que apenas um residente por família pode sair a cada dois dias para comprar itens de primeira necessidade. Os centros médicos de Wuhan estão sobrecarregados e, nesta segunda-feira, foi inaugurado um hospital construído em um tempo recorde de dez dias. Um maior, com 1.600 leitos, está em construção. Em Hong Kong, onde 15 casos foram confirmados, centenas de funcionários de hospitais públicos entraram em greve nesta segunda-feira para exigir o fechamento da fronteira com a China continental, a fim de reduzir o risco de propagação.

O coronavírus também tem tido um impacto econômico cada vez mais forte, devido ao fechamento de negócios na China, à suspensão de viagens internacionais e ao impacto nas linhas de produção. As bolsas de valores de Xangai e Shenzhen caíram acentuadamente em 8% no retorno dos investidores das férias prolongadas do ano novo lunar. As empresas de cruzeiros decidiram proibir a presença em seus navios de passageiros, ou tripulantes, que viajaram para a China nos últimos 14 dias, anunciou a International Cruise Lines Association (CLIA), sediada em Hamburgo.Já a companhia aérea alemã Lufthansa anunciou nesta segunda que vai estender a suspensão de seus voos para a China: até 28 de fevereiro, para Pequim e Xangai, e até 28 de março, para Nanquim, Shenyang e Qingdao.

Medidas ampliadas

Vários países multiplicaram medidas de proteção e repatriaram seus cidadãos da China. Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Israel, Guatemala e El Salvador, entre outros, proibiram a visita de estrangeiros que estiveram na China recentemente e também alertaram seus próprios cidadãos para evitar viagens ao território chinês. A China criticou duramente os Estados Unidos por ter iniciado as restrições e acusou Washington de “criar e semear pânico”. “Não nos deu nenhuma ajuda substancial por enquanto”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, em referência a Washington. A Rússia anunciou que expulsará os estrangeiros infectados com o novo coronavírus.
 



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