"Nós, povos indígenas originários, queremos sobreviver da natureza. Nós não aceitamos essa integração com o homem branco." A afirmação é de Raoni Metuktire, uma das vozes mais ouvidas no mundo sobre a questão indígena.
Ele foi alvo do presidente Jair Bolsonaro em discurso na Organização das Nações Unidas há 17 dias. A revanche esperada por ambientalistas, que não ocorreu, seria a nomeação ao Prêmio Nobel da Paz. Mas o líder caiapó não deixou de vestir uma postura de "guerra" por suas ideias. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, disse que continuará "defendendo os direitos dos povos indígenas", como descreveu em um vídeo publicado na semana passada. À reportagem, disse que Bolsonaro está "errado e isolado" e as florestas e os povos indígenas estão em maior risco que nunca.
Ele manteve um tom apaziguador, mas sem esconder a braveza do guerreiro que é.
Estima-se que Raoni tenha cerca de 90 anos. Aprendeu a falar português após ter contato com os irmãos Villas-Boas, em 1954.
Conhecido internacionalmente depois de 1989, quando fez uma turnê mundial com o cantor Sting para chamar a atenção para os riscos à Amazônia, Raoni já foi recebido por presidentes e por dois papas. Neste ano, se encontrou com Emmanuel Macron, presidente da França e com o papa Francisco, em preparação para o sínodo da Amazônia. Desde o início do ano, porém, não foi recebido pelo presidente Bolsonaro. "Sempre tive contato com os presidentes do Brasil e eles nunca falaram mal de mim, nunca criticaram a minha luta.
Ele também não deixou de comentar a presença da indígena Ysani Kalapalo ao lado de Bolsonaro na ONU e a fala do presidente, que decretou o "fim do monopólio do sr. Raoni". Bravo, disse que nunca se colocou nesse papel. "Eu nunca disse que eu era dono de todos os índios do Brasil. O meu trabalho e o meu foco até hoje é somente de falar para manter a floresta, para manter o rio, os animais", afirmou.
Sobre Ysani, disse que nunca ouviu falar dela. "Nem o pessoal do Alto Xingu me informou. Ela pensa errado. Talvez tenha nascido na cidade, crescido na cidade e tem outra mentalidade." As informações são do jornal O Estado de S.