Jornal Estado de Minas

Vídeo mostra carro atingido em ação do Exército no Rio; músico morre



Um vídeo, que circula nas redes sociais, mostra um carro baleado e moradores desesperados durante ação do Exército, na Zona Oestes do Rio de Janeiro, na tarde deste domingo (7). Foram nada menos que 80 tiros contra o veículo, matando o músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos. O sogro de Evaldo também foi ferido, mas se recupera bem. Outras três pessoas que estavam no carro, entre elas a mulher do músico não se feriram. Os tiros partiram dos militares em Guadalupe.

O músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos - Foto: Reprodução/Facebook
A ação foi comentada por populares, que acusam o Exército, em redes sociais. Os militares estariam realizando busca por assaltantes e teriam atirado por engano contra uma família. É possível ver no vídeo o desespero de uma mulher ao lado do veículo. 
 
Em nota divulgada ainda no domingo, o Comando Militar do Leste (CML) informou que os militares teriam se deparado com um assalto em andamento e que os criminosos, que estariam dentro do carro, teriam aberto fogo. Os militares explicaram que a região é muito próxima da Vila Militar e, por isso, dentro do perímetro de atuação do Exército.
Mas o uso da força só pode ocorrer "de acordo com as normas do engajamento".


Mais tarde, no entanto, o CML enviou outra nota em que informava que já estava em andamento "uma apuração preliminar da dinâmica dos fatos ocorridos" e que já tinham começado a ser coletados "os depoimentos de todos os militares envolvidos e de todas as testemunhas civis na Delegacia de Polícia Judiciária Militar". O comunicado informou também que toda a investigação estaria sendo supervisionada pelo Ministério Público Militar.

O delegado Leonardo Salgado da Delegacia de Homicídios, que está investigando o caso, afirmou em entrevista à TV Globo que, "tudo indica" que os militares confundiram o carro da família com o de assaltantes.

"Foram diversos, diversos disparos de arma de fogo efetuados e tudo indica que os militares realmente confundiram o veículo com o carro de bandidos. Mas neste veículo estava uma família", contou Salgado. "Não foi encontrada nenhuma arma (no carro). Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares."

Ainda em entrevista à TV Globo, o delegado reclamou do fato de os militares não terem prestado depoimento à Polícia Civil. "Não vejo legítima defesa", disse o delegado sobre o fuzilamento do carro. (Com Estadão Conteúdo)
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